sábado, 15 de novembro de 2008

Série mostra que a TV pode fugir da "linha de montagem"


"Não fiz nenhuma concessão ao nível de linguagem nem a folhetim. A história rolou, teve os ganchos que teve, mas não fiquei inventando situações mirabolantes para prender o telespectador até o capítulo seguinte. Eu esperei e confiei que a história fosse bastante o suficiente para mobilizar o telespectador. E deu certo."

O depoimento, de Maria Adelaide Amaral, está nos extras da caixa de DVDs da minissérie "Queridos Amigos", de sua autoria, que a Globo acaba de lançar. A obra, exibida pela emissora em janeiro, é baseada no livro "Aos Meus Amigos", no qual a autora fala de seu círculo de amizades, a partir do suicídio do jornalista Décio Bar. Na TV, o personagem, interpretado por Dan Stulbach, decide reunir sua turma ao descobrir que tem pouco tempo de vida.

Como deixa claro a declaração da autora, "Queridos Amigos" é daqueles produtos que a TV consegue criar fora de sua linha de montagem industrial. É uma obra quase artesanal, nos moldes de uma produção teatral. Uma cena pode levar um dia inteiro para ser gravada, e, quando rodada, já foi intensamente ensaiada. O elenco passou quase um mês confinado em um estúdio, em um processo que a diretora, Denise Saraceni, chamou de "imersão".

Nos extras do DVD, o telespectador vê registros da preparação dos atores, entre eles Débora Bloch, Guilherme Weber, Bruno Garcia, Matheus Nachtergaele e Tarcísio Filho.

Em uma cozinha cenográfica, eles fazem um jantar de verdade, bebem vinho, cantam, dançam e buscam vivenciar o clima de amizade que move toda a história. O preparo incluiu ouvir músicas e ver filmes relevantes, não da época em que se passa a série, 1989, mas dos anos 60 e 70, quando os personagens eram ligados à esquerda e vivenciaram os dramas e esperanças da história do país.

"Queridos Amigos" só surgiu porque a Globo quis economizar e cancelou o projeto de uma minissérie histórica sobre Maurício de Nassau, no qual Amaral e Saraceni trabalharam por um ano. E, assim, a nova obra se tornou mais uma prova de que a boa televisão pode aparecer até em tempos de crise.

O valor do DVD nas lojas deve ser em média R$ 79,90.

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