domingo, 19 de abril de 2009

Caras & Bocas mira no óbvio e acerta na audiência


Nada mais sem matizes que Caras & Bocas, a nova história do horário das sete da noite na Globo. Para uma novela que deveria girar em torno das artes visuais, o enredo é de um descolorido de dar tristeza: Mocinho está separado da mocinha. Mocinho vai reencontrar mocinha. Mocinho e mocinha ficam juntos. Mocinho e mocinha se separam e - final surpreendente - mocinho e mocinha ficam juntos e felizes para sempre.

O "trepidante" argumento de Walcyr Carrasco faz pouca ou nenhuma diferença. O que importa é seu andamento, a maneira de encadear os acontecimentos de uma história que todo mundo conhece de cor, para manter os olhos pregados no vídeo. O escritor e o diretor Jorge Fernando usam recursos poderosos.

O primeiro deles se chama Flavia Alessandra, um supersônico com rosto de boneca com um efeito perturbador sobre os homens. E ainda por cima emoldurada por um corte de cabelos moderninho, lindas roupas, belos colares e sempre muito chique ¿ para a alegria das mulheres. E, indispensável dizer, trata-se de uma boa atriz, seja sobre os scarpins da atual Dafne ou como a bailarina de "pole dance", da novela Duas Caras.

O segundo é Malvino Salvador, alçado a ídolo sexual após os contatos de terceiro grau de seu personagem Damião na insaciável Dedina, de Helena Ranaldi, em A Favorita. Na primeira semana, sob a pele de Gabriel, ele já aplicava alguns agarrões vigorosos em Laís, de Fernanda Machado, apetrechada com alguns quilos a mais e uma cabeleira voluptuosa.

A novela do diretor Jorge Fernando promete muito torsos nus de Malvino e muitas "barrigas de tanquinho", de Marcos Pasquim - como o pintor Dênis - em ultra-exposição. A passarela de gente bonita que é Caras & Bocas deu certo de primeira, com 33 pontos no ibope logo na estréia.

Os antagonistas seguem a mesma lógica simples e de fácil entendimento dos heróis. A Judith de Deborah Evelyn é invejosa e materialista mas sem exageros, como convém a uma malvada do horário das sete. A tendência é que ela e a adúltera Léa, de Maria Zilda, se tornem mais histriônicas e rocambolescas. Seus planos e maldades e os encontros e desencontros do casal principal serão o combustível com que Walcyr Carrasco vai alimentar esta história sem arestas, redondinha mesmo.

De resto, o bom elenco de apoio com um núcleo familiar construído em torno da enérgica Socorro, de Elizabeth Savalla, e da carinhosa Piedade, de Bete Mendes. Ingrid Guimarães promete divertidas galhofas com sua estabanada Simone.

Uma trilha sonora com destaque para a música-tema com as canoras Chicas para estômagos capazes de encarar um "mexido" que vai de Jota Quest e Padre Fábio de Melo a Kelly Key e Wanderléa, muita ação, crianças e bichinhos completam esta novela leve, ingênua e feliz. O chipanzé Xico promete roubar a cena como o verdadeiro pintor dos quadros assinados por Dênis. Um expressionista abstrato, com toda certeza.

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