Talvez o problema seja querer fazer algo parecido com jornalismo, mas sem jornalistas. Talvez a Globo ainda tenha mesmo o que aprender em fazer entretenimento ao vivo. Fato é que o novo Video Show transformou a atração no TV Fama da Globo. Está tudo lá: os erros, as gafes, as matérias narradas sobre fotos, os vídeos sem qualidade da internet, os apresentadores se atropelando e atravessando o samba e até mesmo a reprise de cenas do dia anterior das novelas da Globo - agora, devidamente autorizadas. Só faltaram mesmo os figurinos de festa de quinze anos e o cenário em chroma-key.
Será que existe mesmo a necessidade do programa de bastidores da emissora ser ao vivo? Talvez, mas para isso é necessário muito mais cuidado e preparação do que o que foi apresentado na primeira semana. Um dos problemas é justamente tratar a informação de entretenimento como coisa "menor" - é o que justifica esquecer da qualidade ao exibir os off sobre imagens paradas ou vídeos com qualidade de YouTube.
Fosse um jornal (ou pelo menos, uma equipe de jornalistas), outras imagens seriam buscadas no arquivo, na fonte, com as devidas autorizações, sem picaretagem. É o que difere o nosso jornalismo de celebridades do anglo-saxônico: O Entertainmente Tonight trata esse tipo de conteúdo como notícia de verdade. Até a CNN tem sua atração desse segmento, o Showbizz This Week. Basta dar uma conferida para entender que os programas nada mais são do que jornais, só que sobre o tema "entretenimento".
Vale considerar que a atitude de experimentar novidades é louvável. Pelo menos perderam espaço as infindáveis "matérias" mostrando a Regina Duarte dialogando com ela mesmo ao telefone (ou Fagundes, Fernandona, etc). E claro, ainda falta ver o que vai trazer o novo Vídeo Game, quadro que estreou tímido e sempre experimentando foi ganhando cada vez mais (justo) espaço.
Pode ser que seja apenas a inexperiência da semana de estreia. Ou pode ser que o caminho esteja errado. Conforto é saber que o Vídeo Show não vai sair do ar: errando ou acertando o programa sobreviverá. Vamos ver o que fica.
por Bruno Motta
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