domingo, 19 de abril de 2009

Crítica de 'Poder paralelo', da Record: sotaque é armadilha


Com a estreia de "Poder paralelo" semana passada, a Record parece ter deixado um pouco de lado a tendência infantilizada e infantilizante de sua teledramaturgia. A novela de Lauro César Muniz, dirigida por Ignácio Coqueiro, disputa um lugar junto ao público adulto e capaz de compreender uma trama mais intrincada. O folhetim conta a história de guerras entre mafiosos do Brasil e da Itália. Uma história que, pelo menos na estreia, foi capaz de prender a atenção do telespectador com muita ação, personagens convincentes e belas sequências na Itália.

Houve mais pontos altos do que baixos. Entre eles, atores que conseguiram se destacar e "carregar" outros, bem mais apagados. Paloma Duarte iluminou a cena em todas as suas aparições como Fernanda, amante de Bruno (Marcelo Serrado, também seguro e eficiente). Gabriel Braga Nunes é um profissional de primeira linha. Ele já tinha mostrado isso em "Essas mulheres" (uma das únicas boas produções da mesma emissora), andou tristemente perdido entre as criaturas esquisitas de "Os mutantes", e agora volta a ter um papel à sua altura. Maria Ribeiro fez breves aparições, todas promissoras. Daniela Galli, numa especialíssima participação, também brilhou.

Porém, todos os que apostaram no sotaque italianado escorregaram na péssima armadilha. Quando isso aconteceu, o ridículo dominou a cena impedindo que o espectador se concentrasse em outra coisa. A um tal ponto que Marcelo Serrado e Gracindo Jr tiveram o seguinte diálogo: Marcelo: "O senhor sabe dar 'tchiro'". Gracindo: "Tchiro?', O que é 'eso'?Ah! 'tiro' (com pronúncia italianada)". Houve quem quisesse "fechar um negozzio" e por aí foi. Pode? Não pode.

Outra ressalva fica por conta da violência excessiva, resultado da crença da Record de que sangue e tiroteios fazem a audiência subir. Então, para chegar às belas imagens de Palermo, o telespectador teve que pagar um pedágio: ver aquelas perseguições e Ricardo Petraglia em estado lastimável na cama do hospital.

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