domingo, 21 de novembro de 2010

Regina Casé e Rodrigo Santoro caem no funk durante gravação na Saara


O petropolitano Rodrigo Santoro só tinha estado na Saara uma vez, anos atrás, antes de aceitar o convite para integrar o elenco de "Papai Noel existe", especial de Natal da TV Globo estrelado por Regina Casé e gravado em uma das mais conhecidas regiões de comércio popular do Rio. O ator - tipo que não passaria incólume nem durante uma volta pelo shopping num dia de semana - jura ter conseguido ser apenas mais um na multidão depois de adotar a caracterização do camelô Robson Luiz. Sim, o figurino de Santoro, junto com o cabelo moicano e o bigodinho descolorido nas pontas, o deixou mesmo muito diferente.

- Caminhei aqui durante o dia (paramentado como o personagem), com as ruas e lojas lotadas. Andei uns dez quarteirões, comi esfirra, comprei um joguinho e um par de óculos. Claro que algumas pessoas me olharam, mas passei praticamente por um desconhecido. No começo, fiquei com receio por não ter o physique do Robson. Mas esse universo é tão interessante e peculiar que atiçou a minha curiosidade - conta o ator, que pode ser visto na série "Afinal, o que querem as mulheres?", exibida às quintas-feiras.

Na noite em que a Revista da TV acompanhou uma gravação do especial (que ainda não tem data para ir ao ar), na Saara, Santoro parecia outra pessoa. Concentrado, movimentava os braços e repetia um funk proibidão sobre Papai Noel que seria cantado por ele numa sequência do programa. Suando muito, gravou a mesma cena várias vezes - para que diferentes ângulos fossem captados - ao lado de Katiuscia Canoro.

Conhecida pela Lady Kate do "Zorra total", a atriz surgiu no melhor estilo popozuda com calça justa e tamancão para interpretar a barraqueira Suellen. Dona de loja na Saara, a loura é rival de Francis, personagem de Regina. As duas disputam as vendas e a atenção de Robson. Com texto de Patrícia Andrade, Péricles Barros, Estevão Ciavatta, Regina Casé e redação final de Guel Arraes, o programa vai mostrar o dia a dia da região do Centro do Rio que enlouquece às vésperas do Natal, quando chega a receber mais de dois milhões de pessoas.

- Cresci vendo "TV Pirata" e Regina sempre foi uma referência para mim - garante Katiuscia, que treinou em casa um timbre diferente para a nova personagem: - Suellen e Lady Kate vêm do mesmo lugar, são duas suburbanas. Não queria que elas fossem iguais em tudo.

De volta à dramaturgia e dez quilos mais magra, Regina conversou com a reportagem da Revista da TV num camarim improvisado, antes de ser transformada em Francis, a exuberante personagem que usa pedrinhas coladas nas unhas vermelhas e carrega o celular entre os seios, tal qual a paraguaia Larissa Riquelme, musa da última Copa do Mundo.

- Quem é mais velho lembra da Tina Pepper (personagem de "Cambalacho", de 1986) e cobra a minha volta como atriz. Os mais novos nem sabem que eu atuo - exagera Regina, que integrou o elenco da série "Som & fúria", no ano passado: - Adoro ser atriz, mas o Brasil sugou a gente. E quem iria mostrar esse outro lado do país que abordei nos meus programas?

Com um faro aguçado para retratar no vídeo gente e lugares que não costumam estar na TV, Regina afirma ter um caso de amor com a Saara.

- Frequento essa região há anos. Eu e Estevão (Ciavatta, diretor do programa e marido da atriz) temos o projeto de fazer um filme aqui com esses mesmos personagens do especial. Chego a sentir saudades da Saara quando fico muito tempo sem vir - confessa Regina, que irá apresentar um programa de auditório sobre o verão, na Globo, no início do ano que vem.

Ao todo, a equipe passou sete dias na Saara e usou locações reais como cenários. Para viabilizar a produção e não atrapalhar o comércio, muitas das sequências foram filmadas à noite e durante um fim de semana.

- Esse lugar é muito rico e tem uma importância para o Rio de Janeiro - destaca Ciavatta, durante o intervalo de uma das cenas: - E estou muito feliz com esse elenco. Regina e Katiuscia funcionaram muito bem juntas e o Rodrigo está sendo uma surpresa nesse papel.

Apesar de ser tratado como uma comédia romântica, "Papai Noel existe" terá um pé no drama.

- Uma hora, Katiuscia e eu quebramos tudo! Mas rolaram uns momentos em que geral chorou, numa cena de hospital. Um dia estávamos Rodrigo e eu gravando de madrugada, já quase de manhã. A gente estava sentado na sarjeta, ali perto do Campo de Santana, com a Presidente Vargas deserta e a Central lá no fundo. Eu me sinto no Rio de Janeiro mais profundo estando neste lugar - diz Regina.

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