A que público se destina um programa? Durante as promos de Clandestinos a impressão que ficava era que algo bem próximo da qualidade de Malhação seria exibido altas horas da noite, ainda que a produção estivesse a cargo de João Falcão, dono de muitos êxitos nos palcos.
O que corroborava essa impressão era o perfil similar ao irregular programa vespertino, com excesso de atores novatos e com visível falta de traquejo, uma encenação que não fugia do padrão noveleiro da casa e a própria temática que só apontava inseguranças juvenis.
Essa minissérie tem como base uma peça homônima escrita pelo mesmo autor em 2008, fruto de uma oficina de atores com uma idêntica proposta: através de um anúncio posto em jornais captar o improviso em 90 segundos de jovens atores e ao mesmo tempo saber do sonho artístico deles.
Enquanto teatro havia uma metalinguagem clara ao se fazer uma peça dentro de uma peça quando o diretor quer encenar a história dos atores que se apresentam. Dito isso lembra um filme iraniano, Salve o Cinema, do diretor Mohsen Makhmalbaf, realizado em 1985. Igualmente o diretor convocou através de um jornal interessados em participar de um filme, no caso eram pessoas comuns sem preparo artístico, e quando então eram entrevistados se perguntava o porquê da participação e do querer atuar, finda as perguntas eles eram informados que já estavam participando da obra, um documentário.
Clandestinos extrapola o documental flertando com o ficcional, tanto que não se percebe a que ponto um ultrapassa o outro. Uma certeza clara é quando as atrizes gêmeas são mostradas em cenas da equiparada Malhação. É nesse ponto que os receios fecham o ciclo.
As gêmeas Michelle e Giselle Batista e a outra atriz em destaque Adelaide de Castro, a que veio de Minas Gerais, não apresentam uma evolução do nível interpretativo da novelinha juvenil, e acabam em vários momentos soando falso a própria vida que representam. Algo bem irônico.
Motivos? Um provável defeito de direção (Flávia Lacerda, geral do João Falcão), que deixa as três atrizes longe de um naturalismo e praticamente forçando um tipo que não corresponde as pessoas em si. Também oscila alguns enquadramentos básicos com alguns inventivos: ou a mise en scène que ganha às vezes um tom fantasioso e depois retorna a trivialidade visual da Globo. Nas atuações, o único destaque é da produtora/assistente Elisa Pinheiro, que é expressiva sem se caricaturar. Já o diretor Fábio Enriquez cumpre seu papel de misto cômico/sonhador sem se comprometer.
Por último temos as histórias dos personagens/atores, que não deixam de ser um texto corrido, no puro blá-blá-blá. Ok, até aí uma característica da origem teatral, mas que para um produto de tv fica excessivamente alongado. No fundo as duas “aventuras” despertam algum interesse e se mostram divertidas de se acompanharem, mas que não deixam bem para trás Malhação isso não deixam.
Sobre e sob todas essas ressalvas há o compensador característico estilo de João Falcão. As frases rápidas, que se repetem em forma e contra-forma, em trocadilhos irresistíveis, também fruto dos parceiros Adriana Falcão, Guel Arraes e Jorge Furtado que dividem a escrita. Além do lirismo que extraia de momentos comuns e os tornam grandiosos, detalhe mais do primeiro que dos outros três. Ao todo serão oito episódios e não chega a ser impossível uma melhora substancial, e isso se pode afirmar porque a cada novo episódio novos sonhos serão apresentados. O que não nos faça dizer que a programação da noite virou dia.
O que corroborava essa impressão era o perfil similar ao irregular programa vespertino, com excesso de atores novatos e com visível falta de traquejo, uma encenação que não fugia do padrão noveleiro da casa e a própria temática que só apontava inseguranças juvenis.
Essa minissérie tem como base uma peça homônima escrita pelo mesmo autor em 2008, fruto de uma oficina de atores com uma idêntica proposta: através de um anúncio posto em jornais captar o improviso em 90 segundos de jovens atores e ao mesmo tempo saber do sonho artístico deles.
Enquanto teatro havia uma metalinguagem clara ao se fazer uma peça dentro de uma peça quando o diretor quer encenar a história dos atores que se apresentam. Dito isso lembra um filme iraniano, Salve o Cinema, do diretor Mohsen Makhmalbaf, realizado em 1985. Igualmente o diretor convocou através de um jornal interessados em participar de um filme, no caso eram pessoas comuns sem preparo artístico, e quando então eram entrevistados se perguntava o porquê da participação e do querer atuar, finda as perguntas eles eram informados que já estavam participando da obra, um documentário.
Clandestinos extrapola o documental flertando com o ficcional, tanto que não se percebe a que ponto um ultrapassa o outro. Uma certeza clara é quando as atrizes gêmeas são mostradas em cenas da equiparada Malhação. É nesse ponto que os receios fecham o ciclo.
As gêmeas Michelle e Giselle Batista e a outra atriz em destaque Adelaide de Castro, a que veio de Minas Gerais, não apresentam uma evolução do nível interpretativo da novelinha juvenil, e acabam em vários momentos soando falso a própria vida que representam. Algo bem irônico.
Motivos? Um provável defeito de direção (Flávia Lacerda, geral do João Falcão), que deixa as três atrizes longe de um naturalismo e praticamente forçando um tipo que não corresponde as pessoas em si. Também oscila alguns enquadramentos básicos com alguns inventivos: ou a mise en scène que ganha às vezes um tom fantasioso e depois retorna a trivialidade visual da Globo. Nas atuações, o único destaque é da produtora/assistente Elisa Pinheiro, que é expressiva sem se caricaturar. Já o diretor Fábio Enriquez cumpre seu papel de misto cômico/sonhador sem se comprometer.
Por último temos as histórias dos personagens/atores, que não deixam de ser um texto corrido, no puro blá-blá-blá. Ok, até aí uma característica da origem teatral, mas que para um produto de tv fica excessivamente alongado. No fundo as duas “aventuras” despertam algum interesse e se mostram divertidas de se acompanharem, mas que não deixam bem para trás Malhação isso não deixam.
Sobre e sob todas essas ressalvas há o compensador característico estilo de João Falcão. As frases rápidas, que se repetem em forma e contra-forma, em trocadilhos irresistíveis, também fruto dos parceiros Adriana Falcão, Guel Arraes e Jorge Furtado que dividem a escrita. Além do lirismo que extraia de momentos comuns e os tornam grandiosos, detalhe mais do primeiro que dos outros três. Ao todo serão oito episódios e não chega a ser impossível uma melhora substancial, e isso se pode afirmar porque a cada novo episódio novos sonhos serão apresentados. O que não nos faça dizer que a programação da noite virou dia.
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