terça-feira, 19 de abril de 2011

'Macho man’ fica ainda melhor no segundo episódio

 TV Globo

Antes da estreia, “Macho man” foi anunciado como “um seriado sobre um ex-gay e uma ex-gorda”. Era, além de uma redução, um equívoco. O programa de Fernanda Young e Alexandre Machado brinca com muito mais: credenciais, definições, identidades, ou ainda, com a impossibilidade real de alguém se enquadrar 100% numa única fôrma.

No segundo episódio, este jogo se amplificou. Nélson/Zuzu (Jorge Fernando, que está simplesmente genial) expressou assim um insight: “Deixei de ser gay, mas continuo sendo quem eu realmente sou”; depois, ao descobrir que a aproximação sexual pode ser mais fácil com as mulheres feias, continuou: “Mas, se as lindas não transam e as feias, sim, não é melhor ser feia?”. E, numa última fala, cheia de inversões, resumiu toda a ideia do programa: “Dane-se se o que a gente é incomoda os outros porque o que a gente é é o que a gente é”.

Entendeu?
Por isso tudo, Nikita, a recepcionista gótica do salão de cabeleireiro onde a trama se passa, admite: “Não sou gótica, finjo ser para ser aceita pela sociedade”. Mas sua verdadeira identidade é a de cantora de Bossa Nova de piano bar. Por que algo tão convencional deveria ser tratado como um segredo? Ora, porque “Macho man” é sobre a subjetividade do conceito de estranheza.

Estranho também é Jorge Fernando ter se afastado por tanto tempo do trabalho de ator. Ele está afiadíssimo, transita por todo o arco de tons que o texto pede, da comédia ao drama. E olha que “Macho man” tem de tudo.

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