Em "Insensato coração", Eunice (Deborah Evelyn) vai à casa de Norma (Gloria Pires) e encontra Ismael (Juliano Cazarré). Após ter tirado dinheiro da Liga da Família Carioca para ajudar o suposto filho do amante, ela descobre que ele não só não é pai, como tem emprego fixo e mordomias na casa da viúva. Ela fica irada com as mentiras de Ismael e os dois brigam. Léo (Gabriel Braga Nunes) ouve a confusão e desce para checar o que está acontecendo. Ao saber do caso entre eles, Léo demite Ismael e expulsa Eunice de sua casa. Prometendo, claro, usar a informação da traição de Eunice a seu favor. Leia abaixo parte da cena.
Eunice — (vira-se, pasma) Ismael?! O que é que você tá fazendo aqui? Não vai me dizer que você tá me seguindo!
Ismael — O que é que você tá fazendo aqui, mulher? Eu é que pergunto!
Eunice — (entende) Você... você trabalha pra Norma! Você me disse que era motoboy!
Ismael — (se enrola) Ó, melhor você ir embora, eu não gosto de mulher no meu pé! E não dou satisfação da minha vida, não!
Eunice — Eu pensando que você era um pobre coitado, que tinha que trabalhar de sol a sol, sem salário fixo... Você trabalha pra uma das mulheres mais ricas do Rio de Janeiro! Você mentiu pra mim! (t) Você tem filho, mesmo?
Jandira — (ironiza) Tu tem filho, Ismael? Não sabia...
Eunice — Me mostra uma foto desse menino!
Ismael — Eunice, sai daqui, melhor pra você...
Eunice — Eu quero uma prova de que você tem um filho! De que alguma coisa que você me contou é verdade, umazinha só!
Ismael — Eu não tenho que provar nada, vou acabar perdendo a paciência contigo!
Eunice — Mostra uma foto dele!
Ismael — Tudo que te interessa eu já mostrei, filha, quer que eu mostre de novo, aqui, agora? Eu mostro...
Eunice — (por cima) Como é que você pôde fazer isso comigo?! Eu acreditei em tudo!
Ismael — Vamos falar em outro lugar/ (tenta segurá-la pelo braço para levá-la)
Eunice — (se solta, histérica) Me larga! Seu desgraçado! Animal! Onde é que eu tava com a cabeça quando deixei você tocar em mim, seu cafajeste?!
Léo vem da escada.
Léo — O que é que tá acontecendo aqui?
Jandira — Briguinha de namorado, Léo
Eunice — (pânico) Não, não! Não é nada disso! Foi... foi um... um mal-entendido!
Léo — Ô Ismael, você é amante dessa mulher?
Eunice — Não!
Ismael — Eu peguei umas vezes só.
Léo — Cê tava na pior, mesmo... (t) Você sabe que a Norma não tolera empregado que traz problema pessoal pro trabalho, vai sobrar pra você.
Eunice — Eu não tenho nada com esse homem! E, pelo amor de Deus, Léo, não conta nada pra Norma!
Léo — (ignora) Vão prum motel, pro meio da rua, pro mato, podem se engalfinhar ali na frente da casa que nem dois cachorros, aqui na minha sala, não!
Eunice — Eu exijo que você me respeite!
Léo — (debocha) Exige?! Tá maluca? Você exige alguma coisa de mim, desde quando? Você não tem moral pra exigir nada aqui, Eunice! Mas, com você, eu me entendo sozinho... Ismael, vaza!
Ismael — Vou sair por que eu tô a fim. Tu não manda em mim. (sai para a cozinha)
Jandira se afasta. Fica ouvindo, sem ser vista.
Léo — Você não passa duma vadia, Eunice! Tô gostando de ver... Toda metida a moralista... É hipócrita! Vagabunda!
Eunice — Cala a boca! Você não tem moral pra falar assim! Assassino! Você matou a minha irmã! Eu tenho ódio de você!
Léo — Cala essa boca você! Ordinária! Piranha! Banca a mãe de família e transa com o Ismael! Isso é tão patético, que eu não consigo nem achar engraçado... E aposto que o Júlio também não vai achar a menor graça.
Eunice — Não, Léo, por tudo quanto há de mais sagrado, eu imploro, não comenta nada com o Júlio, com ninguém! Eu tive um envolvimento breve com o Ismael, acabou... eu tenho meu casamento, minhas filhas... Sou diretora da Liga da Família Carioca, tenho uma posição, esquece essa minha fraqueza, pelo amor de Deus... (aflitíssima) Léo, minha reputação tá nas suas mãos!...
Léo — Tão fácil acabar com essa tua reputação, que até tá me dando vontade, só preu me divertir... Acho que um telefonema só bastava. Não, dois: um pro teu marido, outro pras peruas aí dessa Liga.
Eunice — Você não seria capaz, deve ter alguma coisa boa dentro de você, um mínimo de piedade...
Léo — Não tem nada bom em mim. Muito menos piedade. Mas eu não vou contar nada a ninguém, nem pra Norma. Sabe por quê? Porque eu quero ter você nas minhas mãos. Eu tenho um plano e você vai me ajudar a destruir uma certa pessoa. Vai embora, que eu te procuro depois.
Eunice — Ninguém mesmo vai saber?...
Léo — É mais útil pra mim que ninguém saiba. Por enquanto, e se você fizer tudo o que eu mandar. (t) Agora sai, antes que a Norma chegue! Vai! E aguarda o meu telefonema.
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