terça-feira, 14 de julho de 2009
Som & Fúria – Episódio 1
“A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, nada significando”. Macbeth disse isso em um momento de dor, mas podemos sim encontrar um significado para a vida com um amigo, um novo romance, o nascer do sol e, porque não, em um programa de televisão. A profundidade da alma humana, e sua constante procura por significados, é um tema recorrente nas obras de William Shakespeare, inspiração para a magnífica série que Fernando Meirelles nos apresentou nessa terça.
Fernando Meirelles é um gênio e isso é inegável. Seu trabalho, seja como publicitário, diretor de TV (Castelo Rá-Tim-Bum, Cidade dos Homens, Antônia) ou diretor de cinema (Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel, Ensaio Sobre a Cegueira) é sempre cercado de muitos elogios de críticos especializados. O seu nome foi o que me fez ter mais expectativa por Som & Fúria, e mais uma vez ele não me decepcionou.
“Som & fúria” é, na verdade, uma adaptação da série canadense “Slings and Arrows”, de 2005. Meirelles assistiu a versão original após terminar de filmar “Ensaio sobre a Cegueira” e investiu no projeto da adaptação brasileira, onde foi apoiado pela Globo. A série usa os textos de Shakespeare pra contar a história de uma Cia. De Teatro que perde o seu Diretor Artístico e passa a ser dirigida por Dante, um ex-ator famoso que, há 7 anos, teve um surto em cena e foi internado para recuperar-se.
O que eu vi hoje nesse primeiro episódio foi uma série bem produzida, com um bom elenco, um ótimo roteiro e um humor refinado. Não é o produto ideal para o público de massa por ter um texto sofisticado, recheado de ironia e sarcasmo, o que vai fazer com que a série não tenha muito sucesso na audiência. Mas é um refúgio para quem não agüenta a monotonia e falta de criatividade da TV Brasileira.
Meirelles é minucioso, e são nos pequenos detalhes do roteiro que vemos quão brilhante é a série. A cena do atropelamento do Oliver por um caminhão de presunto é de um humor negro incrível. As constantes críticas feitas pela série a relação do teatro com o patrocínio foi de fazer passar mal de tanto rir. E o velório do Oliver foi o momento mais incrível do episódio (diria eu que foi até mais incrível que o velório do Michael Jackson).
O elenco, então, beira a perfeição. Dan Stulbach e Regina Casé prometem muitos momentos hilários na pele de Ricardo e Graça; Andrea Beltrão estava fantástica como Ellen e promete brilhar tanto quanto a sua personagem na série; Felipe Camargo assumiu de vez a personalidade do louco protagonista Dante; e claro, ninguém foi tão incrível no episódio quanto Pedro Paulo Rangel, e o seu Olivier. Mesmo não tendo tanto destaque no episódio, Cris Couto e Maria Flor (Maria e Kátia) souberam assumir a responsabilidade de manter a qualidade da série, quando necessário. E a série ainda conta com Paulo Betti, Daniel Oliveira e Rodrigo Santoro no elenco.
Ajudam para o sucesso da série a ótima trilha sonora, a edição digna das mais bem produzidas séries americanas, e o timming do episódio, que foi lento quando era necessário assimilar alguma informação, e teve uma agilidade adequada depois que fomos apresentados aos personagens e à história.
O excelente roteiro, executado magistralmente por um time de atores excepcionais, faz de Som & Fúria o melhor programa da TV Brasileira dos últimos tempos. Imperdível, para quem acha que a vida tem sentido, quando assistimos um programa de qualidade.
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