quinta-feira, 16 de julho de 2009

Som & Fúria - Episódio 6


“A brevidade é a alma do entendimento” (Shakespeare). Noutra das reviews-relâmpago que você só encontra no SérieManíacos, vou substituir meu amigo Thiago Leal apenas por hoje – vamos, vocês e eu, conversar sobre o mais novo episódio de Som & Fúria, a minissérie brasileira mais popular da atualidade.

Assistindo ao início da exibição com a estréia de Hamlet, tenho de confessar que fiquei um tanto quanto desapontado. Embora tenhamos visto as cenas do episódio seguinte na quinta-feira passada e mesmo sabendo que os últimos momentos da minissérie tinham mostrado o ensaio derradeiro, fiquei incomodado com essa peça sendo apresentada já nesse instante. Queria, talvez, ter visto um ensaio improvisado na calada da noite, um aproveitamento de umas vielas da cidade com o som de violoncelos ao fundo, as luzes dos postes sendo usadas como luzes de palco… E transeuntes como figurantes de elenco.

Pausa. Momento Shakespeare-Bach. Voltando.

Não adianta chorar sobre o leite derramado, adianta? Então temos que analisar a exibição da peça e o episódio como nos foi mostrado. Embora eu curta a dupla do Rá-Tim-Bum, os dois parecem repetir a mesma fórmula usada para o primeiro diálogo exibido na minissérie. Me soa como se dissessem a mesma coisa sempre, sem mudar nada. Sempre há uma entonação no fim de certas frases, sempre uma inclinação do timbre para cá ou para lá. Outro problema enorme é que eu queria ver o Gero Camilo entrando em erupção, como um Vesúvio interpretativo. Mas esse papel não permite!

Sobre interpretação, ainda: sou ator há quase dez anos e sei que uma série de princípios precisam orientar o intérprete na sua performance. Um deles é a percepção do espírito do autor, que muitas vezes se traduz em certas técnicas de dicção e postura. Shakespeare é um dos autores que normalmente são declamados em sentenças monotônicas (ou seja, em frases contínuas no mesmo tom). Mesmo assim, eu queria ver mais fibra nessas interpretações! Ênfase e subidas e descidas em certos e singulares momentos, ainda que por milésimos de segundo. O Paulo Betti fez o que pôde nos instantes que teve em cena, mas ainda não me foi o suficiente para apagar essa impressão geral.

De resto, a interação entre a Kátia e o Jacques me pareceu mais verídica nesse episódio, particularmente depois do pulo dos 3 meses (o que pode não ter agradado a muitos telespectadores). Apesar de esse romance parecer meio sambado, essa atriz tem uma simpatia contagiante – é difícil não gostar de ver cenas com ela. Por outro lado, eu confesso que esperava um pouco mais da Regina Casé naquela fechada de porta do Ricardo, personagem do Dan Stulbach. Esperava que ela subisse a entonação um pouquinho na primeira sensação de “traição” do Ricardo, que dosasse um pouco mais de surpresa àquela irritação que apresentou.

Finalmente, duas coisas que curti nesse episódio foram a persistência do Dante em se importar com os detalhes da peça até a última apresentação e a perspectiva de Macbeth num futuro próximo.

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