Após dois anos e meio de expectativa o autor que revolucionou a forma de se fazer televisão na atual década retornou ao cenário na noite desta terça-feira. Trata-se de João Emanuel Carneiro, rei do horário das 7 ao conquistar audiências impressionantes com Da Cor do Pecado e Cobras e Lagartos e o mais jovem autor a ser elevado ao posto de exclusivo do horário nobre de novelas com a excelente A Favorita.
Desta vez, João Emanuel assina uma série. A Cura. Badalada muito antes de estrear, muito por conta do nome por trás do produto e também por ter o retorno de um dos maiores atores brasileiros que há muito se dedicava ao cinema, Selton Melo. Tanto se falou da série que a expectativa ficou quase insuportável, principalmente após iniciarem as chamadas durante os intervalos da Rede Globo.
Foi muita espera, mas valeu a pena. João Emanuel Carneiro mostrou no episódio de estréia que é capaz de se despir completamente dos vícios e linguagem de um novelista e escrever um roteiro de uma série de verdade. Sem seqüências ou diálogos folhetinescos a série mostrou toda uma estrutura seriada, coisa que a Globo busca há muito tempo e raramente consegue com suas produções que sempre caem no tom jocoso das novelas.
Em A Cura, Selton Melo é Dimas. Um jovem médico que retorna a sua cidade natal, Diamantina (MG) para trabalhar em sua profissão, porém, não será fácil, pois os fantasmas do passado o perseguem. Na infância, uma história mal resolvida dá conta de que Dimas foi responsável pela morte de um amiguinho da escola. Ninguém na cidade esqueceu o ocorrido mesmo sendo muitos anos depois e, no episódio piloto não há afirmações de como ocorreu o provável crime, apenas indícios de que o protagonista cortou o amigo em diversas partes.
A forma como esta história foi mostrada ocorreu de forma lenta e gradativa neste episódio. O telespectador foi se familiarizando muito mais com a personalidade dúbia e confusa do protagonista do que propriamente com o histórico de sua vida. A estratégia do autor, apesar de ser um risco porque poderia tornar tudo monótono, funcionou e levou o público a se interessar pelo drama do jovem médico.
Esta não é a história de A Cura. Este é o pano de fundo para a história principal. Ao que parece, Dimas é a reencarnação de um outro médico. Oto. Que viveu na década de 80 em Diamantina e realizava curas milagrosas nas pessoas. Dimas, aparentemente, conta com o mesmo dom e, por isso, sofre perseguições e vive de forma tão confusa. Para deixar tudo isso ainda mais complexo, o autor nos leva de volta ao tempo em 1766 e mostra a história de um personagem cruel, violento e mau, disposto a tudo para enriquecer através dos diamantes na terra de Diamantina. Já na estreia vimos o personagem defendido por Carmo Dalla Vechia matar o "compadre" pelas costas e cortar a língua de um escravo.
Como é marca registrada de João Emanuel Carneiro, em A Cura, tudo acontece muito rapidamente, portanto, não há tempo para diálogos superficiais e situações que tapam buraco no tempo. Todas as cenas foram muito importantes neste episódio de estréia e serviram para explicar o complexo quebra-cabeças que viaja no tempo e mistura medicina com curanderismo, fé e dramaticidade, tudo em um mesmo caldeirão de muita qualidade.
Se João Emanuel Carneiro é capaz de inovar em novelas, ele provou neste episódio que também o é em séries. Texto primoroso e diálogos complexos, e muitas vezes que passavam desapercebidos pelo telespectador menos atento. Assistir A Cura, aparentemente, será um exercício mental que exigirá muita atenção para ligar tantos pontos que parecem soltos, mas que claramente se unem em determinado ponto da história. Mais do que isso, na série, João Emanuel Carneiro vai ainda mais longe do que já havia ido em A Favorita, quando criou protagonista e vilã que ninguém sabia ser quem. Agora, JEC resolveu criar uma história não-linear no melhor estilo Machado de Assis. E com competência.
Destaque também para a coragem do autor, que já havia dado uma "banana" para o Ministério Público em A Favorita. A Cura mostrou cenas fortes e que raramente são vistas na TV brasileira, mas tudo com o bom gosto e qualidade que são marcas registradas do excelente diretor Ricardo Waddington. Graças a ele, o genial texto tomou forma e foi muito bem construído na tela.
No elenco, não houve destaques negativos, exceção feita a Carmo Della Vechia que não convenceu ainda como o provável vilão da história - se é que seja possível uma história não linear ter um vilão - porém, o grande destaque fica por conta de Selton Mello que, em poucas cenas já mostrou ser realmente um dos grandes atores do Brasil. Uma composição primorosa de seu personagem Dimas e, apenas com um olhar, ele é capaz de transmitir toda a sensação que a cena exige. Um baita talento.
Após este primeiro episódio que, trouxe de volta os geniais ganchos de João Emanuel Carneiro, a sensação do telespectador é de "que chegue logo a próxima terça" porque esperar mais sete dias para assistir novamente A Cura, não será fácil. E, de novo, João Emanuel Carneiro prova que é possível fazer televisão de qualidade.
Em tempo: A Cura estreou com 19 pontos de média, segundo a prévia, com um excelente pico de 22 pontos. Estreou registrando 02 pontos a mais na média que sua antecessora, Na Forma da Lei.
Desta vez, João Emanuel assina uma série. A Cura. Badalada muito antes de estrear, muito por conta do nome por trás do produto e também por ter o retorno de um dos maiores atores brasileiros que há muito se dedicava ao cinema, Selton Melo. Tanto se falou da série que a expectativa ficou quase insuportável, principalmente após iniciarem as chamadas durante os intervalos da Rede Globo.
Foi muita espera, mas valeu a pena. João Emanuel Carneiro mostrou no episódio de estréia que é capaz de se despir completamente dos vícios e linguagem de um novelista e escrever um roteiro de uma série de verdade. Sem seqüências ou diálogos folhetinescos a série mostrou toda uma estrutura seriada, coisa que a Globo busca há muito tempo e raramente consegue com suas produções que sempre caem no tom jocoso das novelas.
Em A Cura, Selton Melo é Dimas. Um jovem médico que retorna a sua cidade natal, Diamantina (MG) para trabalhar em sua profissão, porém, não será fácil, pois os fantasmas do passado o perseguem. Na infância, uma história mal resolvida dá conta de que Dimas foi responsável pela morte de um amiguinho da escola. Ninguém na cidade esqueceu o ocorrido mesmo sendo muitos anos depois e, no episódio piloto não há afirmações de como ocorreu o provável crime, apenas indícios de que o protagonista cortou o amigo em diversas partes.
A forma como esta história foi mostrada ocorreu de forma lenta e gradativa neste episódio. O telespectador foi se familiarizando muito mais com a personalidade dúbia e confusa do protagonista do que propriamente com o histórico de sua vida. A estratégia do autor, apesar de ser um risco porque poderia tornar tudo monótono, funcionou e levou o público a se interessar pelo drama do jovem médico.
Esta não é a história de A Cura. Este é o pano de fundo para a história principal. Ao que parece, Dimas é a reencarnação de um outro médico. Oto. Que viveu na década de 80 em Diamantina e realizava curas milagrosas nas pessoas. Dimas, aparentemente, conta com o mesmo dom e, por isso, sofre perseguições e vive de forma tão confusa. Para deixar tudo isso ainda mais complexo, o autor nos leva de volta ao tempo em 1766 e mostra a história de um personagem cruel, violento e mau, disposto a tudo para enriquecer através dos diamantes na terra de Diamantina. Já na estreia vimos o personagem defendido por Carmo Dalla Vechia matar o "compadre" pelas costas e cortar a língua de um escravo.
Como é marca registrada de João Emanuel Carneiro, em A Cura, tudo acontece muito rapidamente, portanto, não há tempo para diálogos superficiais e situações que tapam buraco no tempo. Todas as cenas foram muito importantes neste episódio de estréia e serviram para explicar o complexo quebra-cabeças que viaja no tempo e mistura medicina com curanderismo, fé e dramaticidade, tudo em um mesmo caldeirão de muita qualidade.
Se João Emanuel Carneiro é capaz de inovar em novelas, ele provou neste episódio que também o é em séries. Texto primoroso e diálogos complexos, e muitas vezes que passavam desapercebidos pelo telespectador menos atento. Assistir A Cura, aparentemente, será um exercício mental que exigirá muita atenção para ligar tantos pontos que parecem soltos, mas que claramente se unem em determinado ponto da história. Mais do que isso, na série, João Emanuel Carneiro vai ainda mais longe do que já havia ido em A Favorita, quando criou protagonista e vilã que ninguém sabia ser quem. Agora, JEC resolveu criar uma história não-linear no melhor estilo Machado de Assis. E com competência.
Destaque também para a coragem do autor, que já havia dado uma "banana" para o Ministério Público em A Favorita. A Cura mostrou cenas fortes e que raramente são vistas na TV brasileira, mas tudo com o bom gosto e qualidade que são marcas registradas do excelente diretor Ricardo Waddington. Graças a ele, o genial texto tomou forma e foi muito bem construído na tela.
No elenco, não houve destaques negativos, exceção feita a Carmo Della Vechia que não convenceu ainda como o provável vilão da história - se é que seja possível uma história não linear ter um vilão - porém, o grande destaque fica por conta de Selton Mello que, em poucas cenas já mostrou ser realmente um dos grandes atores do Brasil. Uma composição primorosa de seu personagem Dimas e, apenas com um olhar, ele é capaz de transmitir toda a sensação que a cena exige. Um baita talento.
Após este primeiro episódio que, trouxe de volta os geniais ganchos de João Emanuel Carneiro, a sensação do telespectador é de "que chegue logo a próxima terça" porque esperar mais sete dias para assistir novamente A Cura, não será fácil. E, de novo, João Emanuel Carneiro prova que é possível fazer televisão de qualidade.
Em tempo: A Cura estreou com 19 pontos de média, segundo a prévia, com um excelente pico de 22 pontos. Estreou registrando 02 pontos a mais na média que sua antecessora, Na Forma da Lei.
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