quarta-feira, 8 de setembro de 2010

REVIEW: A Cura - 1X04


E pensar que já se foi metade da excelente primeira temporada - e infelizmente provavelmente a única - de A Cura. O episódio que dividiu exatamente a metade da série mostrou-se o menos maduro, porém, o mais rico em acontecimentos, aventuras e principalmente em conflitos dramatúrgicos que um bom produto televisivo necessita para atrair a audiência.

Após 04 semanas em que o público se viu envolto a um roteiro complexo e, aparentemente sem fios condutores para uma história única, o que começa a ganhar vida é um quebra cabeças muito bem estruturado e que faz total sentido, mais do que simplesmente fazer sentido, é auto-explicativo. Personagens soltos, histórias paralelas que não pareciam ter nenhuma ligação e passado e presente finalmente se encontrando, foram estes os principais focos do episódio de número 04.

Após Dimas (Selton Melo) se descobrir realmente um curandeiro e retornar a Diamantina, o que parecia por si só um evidente sinal de que ele estava disposto a cumprir seu destino, mostrou-se na verdade, mais um momento de profunda confusão e indecisão neste intrínseco roteiro que é sua vida. O médico optou por ouvir os conselhos de Turíbio (Ary Fontoura) e seguir apenas sua profissão de médico. Porém, o destino parece conspirar contra isto e em favor das curas espirituais, pois novamente ele curou uma pessoa praticamente contra sua vontade. A cena em que ele cura a moça acidentada (sem saber que ela tinha leucemia) foi uma das mais bem estruturadas do ano na TV brasileira, apenas pelo olhar de Selton Melo que realmente deu a Dimas um ar de 'possuído' naquele momento, mostrando ser mesmo o maior ator brasileiro de sua geração.

Por outro lado, se torna cada vez mais claro que todos os personagens mais antigos e que vivem em Diamantina guardam segredos terríveis. Todos eles escondem a sete chaves o destino de Oto (Juca de Oliveira) e tudo de podre que houve por trás desta história. O diálogo entre Turíbio e Margarida (Nívea Maria) durante o enterro de Edelweiss (Inês Peixoto) foi interessante, mas causou mais perguntas do que respostas.

Enquanto isso, o passado começa a se ligar ao presente. Silvério (Carmo Dalla Vechia) descobriu o curandeiro mirim e, aparentemente, irá tentar ser curado da maldição indígena. Vale lembrar que em 1768 - tempo em que vive Silvério - o menino realizava curas espirituais usando instrumentos médicos que foram utilizados no presente por Oto e, atualmente, pertencem a Dimas. Já no presente, o senhor que estava na CTI no momento em que Edelweiss foi assassinada conseguiu contar a Dimas e Rosângela (Andréia Horta) que alguém esteve presente no local, e desenhou um chapéu - chapéu este utilizado por Silvério.

Como se vê, o excelente 4º episódio de A Cura trouxe ligações, elos e muitas dúvidas para o telespectador. Mostrou dois fatores muito importantes: Dois objetos tornaram-se fundamentais em busca pelas respostas, o chapéu e os instrumentos cirúrgicos. O outro fator é ligado a estes instrumentos. Seria de fato Dimas a reencarnação de Oto que por sua vez, já seria a reencarnação do pequeno curandeiro de 1768 ou o poder de cura está relacionado apenas aos objetos?

Além de nos brindar com outro episódio acima da média, João Emanuel Carneiro ainda se permitiu encerrar a metade da temporada com o gancho mais espetacular de 2010 colocando Dimas frente a frente com sua mãe num questionamento que todos fizemos: "Qual a relação de Oto com ela? Seria Oto pai de Dimas?"

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