segunda-feira, 21 de março de 2011

Globo e Record suprimem intervalos comerciais em "guerra de novelas"

Pérola Faria (à esq.) e Sophia Abrahão em cena de Rebelde da Record (5/4/2011)

De um lado, “Rebelde”; do outro, “Morde & Assopra”. Fato pouco comum, duas novelas estrearam no mesmo dia, disputando público idêntico,”a família brasileira”, em horários muito próximos.

A produção da Record estreou às 19h05; a da Globo, 23 minutos depois. A primeira foi exibida de cabo a rabo sem um único intervalo comercial; a segunda, exibiu apenas um “break”, depois de 42 minutos.

“Rebelde” é mais um investimento da Record na adaptação de novelas “cucarachas” de sucesso. Sua versão original, da mexicana Televisa, já foi exibida pelo SBT. É ambientada numa escola de elite, frequentada por filhos de milionários.

Com produção caprichada, edição ágil, uma dúzia de jovens atores sarados e jovens atrizes lindas, mira nitidamente o público adolescente, embora oficialmente se proponha a abraçar públicos de todas as idades.

No esforço de apimentar a competição com a Globo, a Record associou a estreia de “Rebelde” ao sorteio de prêmios variados, de gadgets eletrônicos a carros. Os números da audiência indicam que o anabolizante não funcionou.

A primeira impressão da versão brasileira é altamente positiva.O texto, de Margareth Boury, soou autêntico, sem a pretensão de imitar cacoetes de adolescentes. Apesar de recorrer com excesso a alguns efeitos, como partir a tela, a direção de Ivan Zettel pareceu igualmente eficiente e segura.

SOTAQUE CAIPIRA

“Morde & Assopra” propõe uma guinada forte em relação a “Ti-Ti-Ti”, que a precedeu com sucesso. O capítulo de estreia, apesar de cenas filmadas no Japão, indica uma comédia passada no interior de São Paulo, com atores cariocas forçando no sotaque caipira, o que sempre soa um pouco canhestro.

Além da concorrência, a Globo também se preocupou, na estreia, que pudesse ocorrer alguma incompreensão pelo fato de exibir, logo nas cenas iniciais, um terremoto no Japão. A novela começou, por isso, com uma explicação, narrada em off pelo ator Mateus Solano, informando que as cenas do terremoto foram gravadas em 2010. “Dedicamos esta novela ao povo japonês”, disse Solano.

Walcyr Carrasco tem sido muito bem-sucedido em suas comédias românticas, meio ingênuas, com personagens de fácil identificação para o público. “Morde & Assopra” parece seguir na trilha que ele conhece bem.

Mesmo esta inusitada mistura de robôs com dinossauros não parece absurda, à primeira vista, na fictícia Preciosa. Só é duro de doer ouvir Marcos Pasquim dizer que sente “farta” da mulher e que seu dia começou “mar”.

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