sábado, 13 de dezembro de 2008

Capitu – O Segundo Capítulo


Nesse segundo episódio, Bentinho e Capitu, ainda esperando pela intervenção de José Dias, se envolvem mais profundamente, e antes que percebam, estão emaranhados em uma teia de paixão juvenil e pueril como só naquela época. O lirismo, que eu já mencionei, se faz ainda mais presente aqui, enquanto vemos o primeiro beijo entre Bentinho e Capitu acontecer (em uma cena digna de ser transformada em quadro e colocada na parede, tamanha a beleza e delicadeza com que foi construída), vemos Bentinho mergulhar e perder-se nos olhos de ressaca da amiga de infância, vemos o primeiro amor florescer entre os dois pequenos. É tudo tão fugaz, mas ao mesmo tempo, Carvalho mantém aquele ritmo suave, que é quase uma carícia aos olhos. Pare um ballet (que eu fazia e portanto adoro), cada movimento parecia parte de uma dança contínua e elegante, cada movimento expressando algo, e o próximo fazendo parte do anterior e o anterior fazendo parte do próximo em uma cadeia rítmica de significados. E tudo isso sobre a narração perfeita de Michell Melamed, o Dom Casmurro.

No primeiro capítulo eu não gostei tanto da parte da narração. Ela servia como parte da apresentação, era, de fato, um narrador introduzindo-os naquele mundo novo. Agora ele já se preocupa mais em ser Bentinho, no futuro. Ele completa o Cardadeiro em cena, ele completa a estória, ele é como vários parênteses costurados a Bento, um flashfoward em forma de voz, e em primeira pessoa.

Mas Dona Glória não consegue ser dissuadida de sua promessa e Bentinho tem que partir e deixar Capitu. Parte sob as promessas de José Dias, que agora está muito interessado em tirar Bentinho da obrigação de ser Padre, pois isso lhe garantiria uma viagem a Europa para acompanhar o menino durante seus estudos. E é a partir do seminário que começamos o próximo capítulo.

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