sábado, 13 de dezembro de 2008

Nova ‘Helena’ de Manoel Carlos é a cantora Maysa


Acostumado a desvendar as nuances da alma feminina em suas novelas, Manoel Carlos assume que não seria capaz de criar uma ‘Helena’ tão “atraente, transgressora e com uma vida trepidante” quanto à da cantora Maysa (1936-1977). Ainda assim, o autor aceitou o desafio do diretor Jayme Monjardim, o filho da artista, de contar na TV a história da musa do samba-canção.

O resultado poderá ser visto na minissérie “Maysa – Quando fala o coração”, com estréia marcada para 5 de janeiro, às 23h. “O Jayme me deu um presente de grego: escrever sobre a mãe dele! Corri o risco de arranjar confusão com um amigo”, brinca o autor. “Maysa não foi nenhuma Santa Terezinha, teve uma vida tumultuada”.

Mas assim como em seus folhetins, tudo acabou em final feliz. Maneco garante que não houve pudores ou censuras por parte do filho-diretor. Da minissérie de nove capítulos não ficaram de fora os porres épicos, as tentativas de suicídio, os amantes e o temperamento dramático da compositora de clássicos da fossa como “Meu mundo caiu”, “Ouça” e “Franqueza”.

Os escândalos públicos, entretanto, não nortearam a minissérie. O autor revela que se preocupou em mostrar a grandeza artística de Maysa. “Ela foi um mito! No auge da fama, quando consolidou carreira internacional, chegou a ter um cachê tão alto quanto o do Nat King Cole”, explica. “Nunca houve um artista brasileiro tão preparado culturalmente quanto a Maysa. Ela cantava em português, inglês, espanhol e até em francês no Olympia de Paris”.

Monjardim foi tão exigente na escolha do “telebiógrafo” de sua mãe quanto na da atriz que iria interpreta-la. A missão coube à gaúcha Larissa Maciel – 31 anos e olhos de gata tão esfuziantes quanto os de Maysa. “Sem ela talvez essa minissérie não tivesse saído do papel. Larissa fez um trabalho impecável”, elogia.

Novata na TV, a atriz tem uma carreira de 11 anos no teatro. Sabia pouco da cantora até o convite de Monjardim. Após oito meses de preparação rigorosa, ela garante que se tornou especialista – e fã.

“Li pelo menos cem pastas com reportagens da época, os diários da Maysa, vi e revi fotos e vídeos, fiz sessões com fonoaudiólogo para aproximar minha voz aguda ao tom grave maravilhoso dela”, conta Larissa.

“Chegava ao Projac às 8h e saía às 21h. Doei um ano da minha vida para essa mulher”, diz a atriz. “Mas depois de uns meses, logo que o maquiador fazia o primeiro traço da sobrancelha, eu já virava a Maysa”.

Quem confirma é Monjardim. “Larissa aprendeu a segurar o cigarro e o copo de uísque do jeitinho que minha mãe fazia. Fiquei muito emocionado”, conta o diretor.

Tanta entrega para alguém com uma história de vida tão intensa tem seu preço. “Não houve cena fácil, eu ficava sempre muito emotiva”, conta a protagonista. “Quando fomos gravar na Europa, o Jayme me deu uma mala da Maysa, usei as roupas que foram dela”.

Laços de família
Emoção a flor da pele também não faltou para André e Jayminho Matarazzo, filhos de Monjardim que tiveram a missão de interpretar o pai na minissérie. O pequeno André viveu o filho de Maysa aos 10 anos. Coube a Jayme a tarefa de interpretar o próprio pai dos 15 aos 20.

“Um baú familiar se abriu. Sabia da grande cantora que foi minha avó, mas nunca se falou muito sobre ela lá em casa”, conta Jayminho, que também foi assistente de direção na minissérie.

Isso porque a relação de Maysa e Monjardim não foi lá muito amistosa. O diretor passou a infância e parte da adolescência em internatos na Europa enquanto a mãe fazia sucesso mundo afora. Aos 15 pediu emancipação. “Aprendi a admirar meu pai por ele ter sido tão forte e guerreiro”, diz Jayminho.

Ele e o irmão caçula estrearam como atores a pedido de Manoel Carlos. “Achei que seria autêntico os meninos interpretarem o pai. Foi uma forma de garantir ainda mais verdade neste trabalho”, diz o autor.

O próprio Maneco debutou em “Maysa – Quando fala o coração”. Em quase seis décadas criando suas “Helenas” folhetinescas, foi a primeira vez que o autor biografou uma personalidade. “Foi muito emocionante. Quero muito de fazer uma telebiografia da Ângela Maria e do Cauby Peixoto”, planeja ele, com o vigor de um estreante.

Um comentário:

Suzana Morais disse...

A minissérie está ótima.

Ótima imagem, ótimos atores, e uma direção impecável.

parabéns a todos, por esse lindo trabalho. Parabéns ao autor Manoel Carlos, por mais essa linda obra!