domingo, 26 de julho de 2009
Jorge Furtado lança a microssérie 'Decamerão', com elenco estelar e texto em verso
Para Jorge Furtado não existe diferença entre TV e cinema. A qualidade e o empenho que o diretor dedica aos dois é a mesma. Basta assistir a "Decamerão - A comédia do sexo", inspirada nos textos do italiano Giovanni Bocaccio, que estreia nesta sexta-feira, após o "Globo repórter". A microssérie de apenas quatro capítulos recebeu o selo de qualidade do diretor e de sua produtora, a Casa de Cinema. Tudo ali foi pensado para ser exatamente daquele jeito, os atores - um time de primeira linha que inclui nomes como Lázaro Ramos, Deborah Secco, Mateus Nachtergaele, Daniel de Oliveira, Leandra Leal e Drica Moraes - ,convocados com meses de antecedência, a locação, a luz, os detalhes...
- Para mim não existe distinção. Tenho um prazer enorme nesse trabalho, pois é um projeto antigo. E lida com a fantasia, que me agrada muito mais que a realidade. Acho que a TV está saturada de hiperrealismo - explica o diretor, que recebeu a Revista da TV na locação do programa, uma fazenda do século XIX em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.
O local é um achado que confere um ar atemporal ao especial. As baixíssimas temperaturas produziram um nevoeiro que só ajudou a criar o tal clima místico que Furtado procurava.
- A impressão que a gente tem é que a qualquer momento vão sair pelo bosque a Branca de Neve e os Sete Anões - brinca.
A primeira adaptação que Furtado fez dos contos de Bocaccio foi no especial exibido no fim do ano passado. O programa serviu de embrião para a microssérie, que narra as aventuras de personagens clássicos da commedia dell'arte.
- Na hora que o Jorge me chamou para fazer a Monna eu topei. Primeiro, porque adoro trabalhar com ele, segundo porque me identifico com a personagem, uma mulher que está em busca do amor verdadeiro - conta Deborah Secco, que precisou tingir os cabelos de ruivo e decorar textos em versos para compor sua personagem. - Decorar nem é o problema, o difícil é fazer tudo soar com naturalidade - completa a atriz.
Furtado diz que o roteiro, todo rimadinho, deu o maior trabalho, mas ajudou a criar o tal clima de fábula que ele buscava.
- Diálogos em rima te distanciam da realidade e resolvi radicalizar mesmo. Acho que o público gosta de novidade. Só ficou pior para os atores, que não podem improvisar no texto.
Mas ninguém reclama, pelo contrário. Mateus Nachtergaele, por exemplo, é só alegria com seu personagem , o patético e corno Tofano.
- Normalmente eu faria o papel de Edmilson Barros, o Calandrino, que é o bufão, o palhaço. Mas estou com o sujeito sério, o burguês ridículo. É gostoso estar em outra função dentro da comédia - comemora o ator.
Lázaro (Masetto) também parece satisfeito com seu falso padre que tem um caso com uma mulher casada, vivida por Deborah Secco.
- Nunca sou galã de nada. Acho bom poder exercitar esse meu lado - brinca o ator, que já trabalhou com Deborah em "Meu tio matou um cara", e com Leandra Leal em "O homem que copiava", ambos com direção de Furtado.
- O Lázaro é meu ator-fetiche - brinca o diretor, que comandava o clima família da produção. - Minha equipe da Casa de Cinema está comigo há 25 anos. Procuro sempre trabalhar com os mesmo atores.
O diretor não descarta a possibilidade de uma segunda temporada de "Decamerão", mas acredita que o maior empecilho é conseguir conciliar as agendas dos atores.
Se depender de Daniel de Oliveira é só marcar que ele vai. Em seu primeiro trabalho com o diretor, o ator diz ter adorado viver o comerciante Filipinho, marido de Isabel (Leandra Leal).
- Foi meu papel mais comédia e ele ainda é bem caricatural, como todos os personagens da série. Por isso é tão divertido.
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