terça-feira, 28 de julho de 2009
Loucura, luxúria, tudo isso tinha no Som e Fúria
Baseada na série canadense Slings & Arrows, Som e Fúria, da Rede Globo, chegou ao fim na sexta-feira, dia 24, pelo menos por enquanto. A minissérie sobre Shakespeare, dirigida por Fernando Meirelles, girou em torno das montagens de Hamlet e MacBeth pela Companhia de Teatro do Estado, do Municipal de São Paulo.
Tudo começa quando Oliveira (Pedro Paulo Rangel), então diretor artístico do CET, é atropelado por um caminhão de presunto e morre. Às pressas, Dante Viana (o bom ator Felipe Camargo), é chamado para substituir o diretor. Acontece que Dante, há sete anos, surtou durante apresentação de Hamlet e se afastou da companhia por ter descoberto a traição de Elen (Andréa Beltrão), primeira atriz do CET e seu amor fora dos palcos, com Oliveira, que se tornou então seu desafeto.
A partir desse momento, uma história com diálogos inteligentes e divertidos se forma entre ele e Oliveira, que, morto, vira uma espécie de consciência-viva-fantasmagórica que auxilia Dante a lidar com atores mimados, diretores megalomaníacos, escassez de público e o amor mal resolvido com Elen.
A minissérie tem grande elenco, mas não posso deixar de citar duas participações excepcionais. A primeira é Regina Casé no papel da canastrona Graça. Funcionária da Secretaria de Cultura, ela se aproxima do diretor financeiro da companhia Ricardo Silva (Dan Stulbach), a fim de alavancar a receita da Temporada Clássica do Municipal por métodos nada ortodoxos. A segunda é Cecília Homem de Melo como Ana, a vice-secretária geral da CET, que faz a liga entre todos os outros personagens e proporciona momentos de risadas sinceras.
Mas será que levar Shakespeare à TV aberta foi uma boa ideia? A crítica aparentemente se dividiu. E o público também. Não raras vezes, Som e Fúria perdeu em audiência para produções hollywoodianas de qualidade duvidosa da Rede Record. A média final de audiência girou ao redor dos 16 pontos, segundo dados do Ibope.
Acredito, no entanto, que valha a tentativa de propor uma nova visão, o não-usual. É louvável a abertura do espaço para produções que fujam das mesmices da TV aberta. Som e Fúria me deixa saudades, mas traz boas notícias: uma segunda temporada pode vir em 2010.
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