Foi exibido ontem pela Rede Globo o último episódio da série que deu o que falar neste último trimestre do ano. As Cariocas. Muito antes da estreia, algumas pessoas já afirmavam categoricamente que a série tinha tudo para ser um desastre de audiência e a emissora estava dando um tiro no pé colocando um produto com este formato para competir com a principal atração da Rede Record, A Fazenda.
Mal sabiam estas pessoas que Daniel Filho não estava para brincandeira e, no auge de sua inspiração, voltava a TV como produtor de uma série bem diferente de tudo que já foi visto e, logo de cara, atrairia completamente a atenção dos telespectadores. Sem medo de errar, em 10 episódios, ele muito mais acertou do que errou, felizmente.
Em A Traída da Barra, a Globo deu uma missão à série: competir com a final de A Fazenda. E o episódio não deixou por menos. De extremo bom gosto, ele brincou com todos os clichês conhecidos em relacionamentos que tratam de traição e o fez com maestria. Foram seqüências e mais seqüências em que o óbvio abria espaço para os diálogos divertidos e muito bem elaborados. A narração, que patinou feio no episódio anterior, estava afinado com o texto e os acontecimentos, mas muito mais do que isso, voltou a ter o humor afinado que sempre gostamos.
Mais do que acompanhar a saga de Maria Tereza pela noite da Barra, desiludida com o marido, irada e com desejo de traição por pura vingança, o que chamou a atenção no episódio final da série foi as situações em que a protagonista se meteu tentando se vingar. De esposa devotada a mulher entrando num carro para uma noite a três, ou quatro, ou cinco, até mulher buscando conselhos - e também aconselhando - o trio mais maluco de prostitutas que o Rio de Janeiro já viu, tudo foi muito bem montado.
Além da deliciosa história, o público ainda foi brindado com a volta de Angélica para a dramaturgia. Afastada deste formato desde o fim da novelinha de seu programa na Globo (lembram da Fada Bela?), Angélica continua com a impressionante química diante das câmeras. É bem verdade que ela não domina completamente as técnicas de atuação e também, às vezes, exagera em algumas expressões. Mas quem precisa de técnica de atuação quando se tem um carisma como a Angélica? Além do que, ela continua com impressionante timing para o humor. Nota 10.
Nota 10 mesmo quem merece é Daniel Filho por devolver a televisão um formato tão interessante e, mais do que simplesmente apresentar uma série de qualidade, ele permitiu mostrar a todos que há novo fôlego para a TV brasileira. As séries vem se mostrando um formato interessante e As Cariocas foi prova disso. Ficará em nossa memória.
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