Quando Silvio Santos contratou Jô Soares, em 1988, a Globo precisou de um novo humorístico. Foi quando Boni resolveu apostar na ideia de "chutar o balde", proposta pelo diretor Guel Arraes e o roteirista Cláudio Paiva. Surgia, então, a "TV Pirata" (1988/90), que revolucionou o humor na TV brasileira. Se hoje soa natural um programa satirizar a televisão, na época isso era inédito.
"Éramos da primeira geração que havia visto TV na infância, que tinha a televisão como parte da formação. As anteriores vinham do rádio, do teatro", diz Paiva, 53.
Foi assim que surgiram quadros de paródia de novelas. Havia o "Que Gay Sou Eu?" (de "Que Rei Sou Eu?") e "Fogo no Rabo" (de "Roda de Fogo), com o famoso Barbosa (Ney Latorraca).
Isso sem falar de criações de tempos pré-politicamente correto, como o machista "TV Macho" e "Black Notícias", sobre negros. "Era uma época pós-ditadura, ninguém tinha coragem de dizer não pode. O princípio era não respeitar nada, porque a função do humor é justamente levantar a poeira."
Para ele, foi um momento bem melhor do que o atual. "O politicamente correto torna o humor medíocre. Gerou censura e leituras equivocadas. Estamos em uma fase burra na comunicação." Para Paiva, hoje Marcelo Adnet é "um gênio". "Tentei trazê-lo para a Globo, mas ele não quer sair da MTV ainda."
Pensando nisso o Canal Viva, da GloboSat, voltará a apostar no programa. O humorístico voltará a partir do dia primeiro de janeiro, à meia-noite.
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