quarta-feira, 6 de abril de 2011

“Araguaia”: Folhetim de Negrão termina com trama leve e público fiel

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Depois de uma programação eletrizante, cheia de cenas curtas, tramas rápidas e edições ágeis, Araguaia chega a seus momentos finais como um “oásis” para o telespectador da Globo. No ritmo de um balanço de rede, Walther Negrão costura a trama com pontos largos, que lembram o bucolismo de uma tarde na fazenda. Essa sensação não vem apenas pela história lenta, embora nada entediante. A direção de Marcos Schechtman também privilegia o folhetim das seis com uma natureza grandiosa e bem enquadrada, que entremeia cenas da trama com lindas “stockshots” da região do Araguaia.

A beleza não fica apenas no “cenário natural”, mas também naqueles construídos em estúdio. Com detalhes ricos em cavalos, tuiuiús e a aposta óbvia nos tons “terra”, a cenografia faz tudo parecer muito real. Principalmente quando se trata dos quitutes. As compotas, bolos e cafezinhos, acessórios quase que essenciais em grande parte das cenas, quase têm gosto e perfume. Além disso, os figurinos brejeiros e dos ricos fazendeiros, com escolhas acertadas no visual de cada personagem, dão o toque final de uma trama visualmente agradável e suave.

As atuações e personagens bem construídos ajudaram a conquistar um público fiel. Os trunfos ficam pelo elenco feminino: Eva Wilma, Laura Cardoso, Suzana Pires, Júlia Lemmertz e as novatas Cleo Pires, Mariana Rios e Milena Toscano. A última surpreendeu no papel de protagonista que, apesar de ter deixado a antagonista de Cleo Pires muitas vezes roubar a cena, mostrou segurança e dedicação ao interpretar a impetuosa Manuela.

Já Mariana Rios e Suzana Pires garantiram uma trama paralela recheada de vestidos curtos, mas atuações competentes. A primeira, intérprete da deslumbrada Nancy, não deixou a sensualidade ser a única característica do papel, e, ao lado do expressivo Nando Cunha, como Pimpinella, liderou uma dupla divertida. Suzana, na personagem Janaína, defendeu o lado mais dramático do núcleo em uma atuação livre de exageros, convencendo como uma viúva romântica.

Apesar da sensualidade das irmãs brejeiras, a trama evidencia a faceta conservadora que contamina a teledramaturgia da atualidade. Os sensuais banhos de rio sequer mostraram mais que uma perna das amazonas. O que contrasta com Pantanal, novela exibida na Manchete em 1990, que investia em mergulhos de corpos nus em total liberdade. Mas, depois de passados 21 anos da exibição original do folhetim de Benedito Ruy Barbosa, a conquista da média de 25 pontos no ibope de Araguaia evidencia que os tuiuiús continuam em alta.

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