Estreou na Rede Globo na última terça-feira, na segunda linha de Shows, a série inspirada no filme, que já havia sido inspirado na peça teatral de sucesso, Divã. A produção estrelada por Lília Cabral é, talvez, um dos produtos de maior sucesso dos últimos anos, visto que são raros os produtos que conseguem se inserir nas três linguagens dramatúrgicas mais populares do país: televisão, cinema e teatro.
A peça sempre foi riquíssima por ter sido planejada para este tipo de veículo, quando produzido para o cinema, foi necessário uma série de adaptações que deixaram o roteiro um tanto quanto manco, ou seja, tendo que inserir situações que tiraram a simetria perfeita que era vista no teatro. Agora na TV, Divã deu mostras já no episódio de abertura que o roteiro está totalmente esgotado e que uma produção desta espécie, talvez, não fosse a melhor aposta.
Ao pensar num roteiro para a TV, a produção precisou fazer novos ajustes que acabaram por, mais do que o cinema fez ao tirar a simetria, deformar a obra original. O que se viu no ar não foi o mesmo produto criado originalmente, apenas uma sombra da extraordinária qualidade textual que foi apresentada para o teatro. A série não conseguiu dar a mesma dimensão e densidade que o tema exigia, porque foi necessária a chamada adaptação popular que somente prejudicou o ritmo e a qualidade da obra.
A verdadeira aposta de Divã como série concentra-se no talento de sua protagonista, Lília Cabral, que, além de ser ótima atriz, domina a personagem com rara maestria. Ela conseguiu criar clímax e anticlímax necessários para emocionar o telespectador, mas isso, não graças ao texto específico para a TV, e sim, ao seu conhecimento e domínio de uma personagem que já pode ser considerada experiente, madura e extensamente estudada. De qualquer forma, Divã aparenta não ter mais potencial para tantos episódios no ar. Uma pena.
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