sábado, 1 de dezembro de 2012

(fdp) – 1×05: A Bandeirinha Gostosa

 
¡Belleza, gracia, hermosura! ¡Que pernitas!

Spoilers Abaixo:
Desta forma o locutor do jogo da semana definiu Vitória Müller, a mais nova personagem de (fdp), uma bandeirinha claramente inspirada em Ana Paula Oliveira. Pena que a adição não fez tão bem ao episódio, talvez o mais morno da série até então.

Pela primeira vez, a sequência de abertura não trouxe um sonho do protagonista, mas sim um diálogo de introdução à nova personagem. Fui pego de surpresa com a reação de Carvalhosa à notícia de que Vitória substituiria Serjão (suspenso pelo deslize do episódio passado), demonstrando grande inquietação com aquela figura feminina, o que não condiz com seu comportamento cafajeste habitual (talvez pelo preconceito infundado contra mulheres apitando partidas de futebol). Bom mesmo foi o pequeno devaneio de Juarez, em que Serjão aparece vestido de mulher, esbanjando sensualidade com sua barriga de fora (/not) – devo dizer que foi a cena mais engraçada do episódio.

O novo trio viajou a Caracas, para apitar Villa Roja x Altetico Asunción, pela Copa Libertadores. Embora reconheça uma direção mais ajustada, com movimentos de câmera mais similares aos que ocorrem em uma cobertura esportiva televisiva, lá estava a plasticidade habitual das pelejas em (fdp), em especial a sonoplastia tão realista quanto as laughtracks das sitcoms. Pior, a série teve que cair no lugar comum do erro cometido pela profissional feminina logo na sua primeira aparição – para poder repetir o “tinha que ser mulher”. Assim, lançou mão de recurso pedestre para acentuar o conflito entre a bandeirinha e Carvalhosa, culminando com a decisão deste em não mais apitar em conjunto com a moça.

Infelizmente, o roteiro também abusou de saídas fáceis nas cenas entre Juarez e sua família. Claro que a mãe iria surpreender o filho falando com pai via internet. Claro que Carvalhosa falaria algo inconveniente no meio da declaração de amor de Juarez (por sinal, desencane dessa mulher, seu juiz!). Claro que a bandeirinha gostosa entraria no quarto na mesma hora, para Manu ver e ativar seu “modo azedo”. Claro que isso a faria assinar a petição promovendo a medida cautelar. Claro que Juarez ficaria com raiva da ex e, pensando com seu membro inferior, claro que aceitaria a proposta de sexo de Vitória. Pela obviedade do enredo, o episódio passou sem surpresa alguma: apenas esperei os eventos acontecerem.

Mais que isso, fizeram falta os palavrões e as piadas politicamente incorretas, que sobravam nas semanas anteriores. Para usar a expressão em inglês, foi tudo muito vanilla, com diálogos mornos e sem muita graça, abusando de clichês (por exemplo, as sete perguntas que Vitória faz a todo homem). Destaco também o fato de a partida de futebol ter ocupado mais de 10 minutos do episódio (ocupava, geralmente, por volta de 6) – ficou a impressão de que faltou roteiro para o tempo de exibição.

Para aumentar minha lista de críticas, devo ressaltar que a intérprete de Vitória (a bela Fernanda Franceschetto) não conseguiu convencer, apresentando uma atuação pouco à vontade e, às vezes, forçada. Destaco a cena em que flerta com Juarez no restaurante – as caras e bocas e as risadas falsas beiraram a ofensa pessoal. Juntando o roteiro titubeante às derrapadas da moça e, ocasionalmente, de Eucir de Souza (Juarez), Cynthia Falabella (Manu) e Gustavo Machado (Rui), a sensação de amadorismo da produção – que já tinha levantado na primeira review que fiz – ficou bem mais evidente.

No fim das contas, o episódio não foi péssimo, mas foi comum, descartável. Pecou ao deixar de lado o humor ácido que nos fazia esquecer os defeitos do seriado. Espero que seja apenas um tropeço nesta série que vinha se mostrando tão boa. Afinal, como bem pontuou a bandeirinha, quem nunca errou na vida?


Observação:
Nessa semana não pude separar muitas pérolas dos personagens. Não por falta de vontade, mas por que ao roteiro faltaram palavrões e diálogos inusitados, dignos de destaque. Fora, claro, a ótima (mas pouco aproveitada) Dona Rosali, demonstrando todo o amor ao filho:
- Rosali: “Ué, já vai? Mas nem avisou?”
- Juarez: “Achei que não precisava…”
- Rosali: “É, precisar não precisava… Quer saber de uma coisa, acho que vai ser bom pra você. Chega uma hora que o filho tem que ir embora mesmo. Eu te entendo! Pra mim também vai ser bom! Acho que as pessoas têm que ter seu espaço! Foi até divertido quando você veio pra cá, mas depois de um tempo assim, acaba cansando, fica difícil de conviver! Cada um tem que seguir seu caminho! E pra onde cê vai?”
- Juarez: “Caracas”.
- Rosali: “Mas por que tão longe?”
- Juarez: “Eu não tô indo embora mãe, vou só apitar um jogo na Venezuela”.
- Rosali: “Ah… Leva um casaquinho…”

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