
¡Belleza, gracia, hermosura! ¡Que pernitas!
Desta forma o locutor do jogo da semana definiu 
Vitória Müller, a mais nova personagem de (fdp), uma bandeirinha 
claramente inspirada em Ana Paula 
Oliveira. Pena que a adição não fez tão bem ao episódio, talvez o mais morno 
da série até então.
Pela primeira vez, a sequência de abertura não 
trouxe um sonho do protagonista, mas sim um diálogo de introdução à nova 
personagem. Fui pego de surpresa com a reação de Carvalhosa à notícia de que 
Vitória substituiria Serjão (suspenso pelo deslize do episódio passado), 
demonstrando grande inquietação com aquela figura feminina, o que não condiz com 
seu comportamento cafajeste habitual (talvez pelo preconceito infundado contra 
mulheres apitando partidas de futebol). Bom mesmo foi o pequeno devaneio de 
Juarez, em que Serjão aparece vestido de mulher, esbanjando sensualidade com sua 
barriga de fora (/not) – devo dizer que foi a cena mais engraçada do 
episódio.
O novo trio viajou a Caracas, para apitar 
Villa Roja x Altetico Asunción, pela Copa Libertadores. Embora 
reconheça uma direção mais ajustada, com movimentos de câmera mais similares aos 
que ocorrem em uma cobertura esportiva televisiva, lá estava a plasticidade 
habitual das pelejas em (fdp), em especial a sonoplastia tão realista 
quanto as laughtracks das sitcoms. Pior, a série teve que cair 
no lugar comum do erro cometido pela profissional feminina logo na sua primeira 
aparição – para poder repetir o “tinha que ser mulher”. Assim, lançou mão de 
recurso pedestre para acentuar o conflito entre a bandeirinha e Carvalhosa, 
culminando com a decisão deste em não mais apitar em conjunto com a moça.
Infelizmente, o roteiro também abusou de saídas 
fáceis nas cenas entre Juarez e sua família. Claro que a mãe iria surpreender o 
filho falando com pai via internet. Claro que Carvalhosa falaria algo 
inconveniente no meio da declaração de amor de Juarez (por sinal, desencane 
dessa mulher, seu juiz!). Claro que a bandeirinha gostosa entraria no quarto na 
mesma hora, para Manu ver e ativar seu “modo azedo”. Claro que isso a faria 
assinar a petição promovendo a medida cautelar. Claro que Juarez ficaria com 
raiva da ex e, pensando com seu membro inferior, claro que aceitaria a 
proposta de sexo de Vitória. Pela obviedade do enredo, o episódio passou sem 
surpresa alguma: apenas esperei os eventos acontecerem.
Mais que isso, fizeram falta os palavrões e as 
piadas politicamente incorretas, que sobravam nas semanas anteriores. Para usar 
a expressão em inglês, foi tudo muito vanilla, com diálogos mornos e 
sem muita graça, abusando de clichês (por exemplo, as sete perguntas que Vitória 
faz a todo homem). Destaco também o fato de a partida de futebol ter ocupado 
mais de 10 minutos do episódio (ocupava, geralmente, por volta de 6) – ficou a 
impressão de que faltou roteiro para o tempo de exibição.
Para aumentar minha lista de críticas, devo 
ressaltar que a intérprete de Vitória (a bela Fernanda Franceschetto) não 
conseguiu convencer, apresentando uma atuação pouco à vontade e, às vezes, 
forçada. Destaco a cena em que flerta com Juarez no restaurante – as caras e 
bocas e as risadas falsas beiraram a ofensa pessoal. Juntando o roteiro 
titubeante às derrapadas da moça e, ocasionalmente, de Eucir de Souza (Juarez), 
Cynthia Falabella (Manu) e Gustavo Machado (Rui), a sensação de amadorismo da 
produção – que já tinha levantado na primeira review que fiz – ficou 
bem mais evidente.
No fim das contas, o episódio não foi péssimo, 
mas foi comum, descartável. Pecou ao deixar de lado o humor ácido que nos fazia 
esquecer os defeitos do seriado. Espero que seja apenas um tropeço nesta série 
que vinha se mostrando tão boa. Afinal, como bem pontuou a bandeirinha, quem 
nunca errou na vida?
Nessa semana não pude separar muitas pérolas dos 
personagens. Não por falta de vontade, mas por que ao roteiro faltaram palavrões 
e diálogos inusitados, dignos de destaque. Fora, claro, a ótima (mas pouco 
aproveitada) Dona Rosali, demonstrando todo o amor ao filho:
- Rosali: “Ué, já vai? Mas nem avisou?”- Juarez: “Achei que não precisava…”
- Rosali: “É, precisar não precisava… Quer saber 
de uma coisa, acho que vai ser bom pra você. Chega uma hora que o filho tem que 
ir embora mesmo. Eu te entendo! Pra mim também vai ser bom! Acho que as pessoas 
têm que ter seu espaço! Foi até divertido quando você veio pra cá, mas depois de 
um tempo assim, acaba cansando, fica difícil de conviver! Cada um tem que seguir 
seu caminho! E pra onde cê vai?”
- Juarez: “Caracas”.- Rosali: “Mas por que tão longe?”
- Juarez: “Eu não tô indo embora mãe, vou só 
apitar um jogo na Venezuela”.
- Rosali: “Ah… Leva um casaquinho…”
 
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