Enquanto os pombinhos planejam o casamento, Juarez (quase) entra numa fria. Quase.
Spoilers Abaixo:
Assim como Juarez se encontra afastado da arbitragem, esse episódio de (fdp)
deu uma pausa nas partidas de futebol. Desta vez, o roteiro nos mostra
que, mesmo fora dos campos, o estigma de “ladrão” de um juiz sempre o
perseguirá, não importa o quão profissional e boa pinta ele seja. Vida
dura essa, hein?
Dados os erros que cometera nos últimos
episódios, Juarez está sendo xingado aos sete ventos (de certa forma,
concretizando o temor que o delírio do início do capítulo mostra),
especialmente no programa de seu desafeto Neri Nelson. E se tem uma
coisa que torcedor fanático não esquece, é erro de juiz. Olha, tenho
certeza que ser “sequestrado” por um grupo de torcedores fanáticos do Pauliceia
por conta daquele pênalti duvidoso lá do primeiro episódio (lembram?)
nunca tinha passado pela cabeça do árbitro. Mas vem cá, que sequestro
foi aquele?
Recapitulemos: o carro de Juarez deu
problema e ele, que precisava pegar o filho na psicóloga, resolveu tomar
um táxi. Daí o taxista, torcedor do Pauliceia, reconhece
aquela figura pública, lembra-se da final do campeonato que o time
perdeu e resolve “pegar um atalho”, sem deixar de comentar para o
passageiro que odeia motoboys. Chega numa comunidade obscura e chama os “manos” – todos com cara de gente boa (de prestar) – para mostrar o fdp
que estava transportando. Nessa hora, eu, como espectador, já estava
muito empolgado, achando que Juarez ia ser sequestrado e ia levar uma
senhora duma surra.
Mas, para a minha tristeza, como disse um dos mentecaptos que lá estava, “o único ladrão daqui é o juiz, nós somo trabalhador”. Pois é: levaram Juarez para um barraco, ameaçaram, perguntaram por que deixou o Pauliceia
perder para um time “de merda”, ficaram com raiva e asco do
protagonista, mas, na hora H, deixaram o homem sair pela porta da
frente! OI? Só bastou Juarez fazer um discursinho de que juiz ganha
pouco e a vida é dura (além de ameaçar caguetar o taxista que
tinha falado mal da profissão do amigão motoboy) que eles murcharam. Mas
sério? Sério que o momento para que todo o episódio foi construído não
ocorreu? Sério que Juarez saiu tranquilamente andando pela rua e ninguém
foi atrás dele? Sério que ele não levou nem um soco na cara? Sério que o
episódio terminou com esse mega anticlímax? Fora o realismo, que passou
foi longe.
Depois que o episódio terminou, fiquei
bem desapontado com essa escolha desastrada do roteiro, mas tenho que
reconhecer os méritos dos demais momentos. Guzman e Rosali resolveram
dar uma de cupido e chamaram Manu e Juarez para serem padrinhos do
casamento. As cenas sobre o assunto, como sempre, foram muito boas, com
uma Manu surpreendentemente cooperativa. Aliás, como essa mulher
consegue mudar de “suportável” para “mega-azia” em tão poucos segundos!
Foi assim, azeda como limão-taiti, que ela dispensou Rui – chegando o
momento que eu esperava desde o primeiro episódio. Vá, e não volte mais,
seu mala (e da próxima vez, pense um pouco antes de levantar a
mão para um garoto cuja mãe está a dois centímetros de distância!). Até
por que o ex-quase-futuro-casal já está todo de gracejos um para cima
do outro, com piadinhas e flertes a balde. Daí para voltarem é só um
passo.
É minha obrigação, ainda, elogiar
Carvalhosa, que teve um texto especialmente inspirado nesta semana.
Todas as palavras (de baixo calão, claro) que saíram de sua boca foram
engraçadas (destaquei algumas ao fim do texto). Além trazer o humor que o
episódio precisava, tais expressões foram exaradas com imensa
naturalidade pelo ator Paulo Tiefenthaler, convencendo o espectador da
índole canastra do personagem sem dificuldade alguma. Tudo é coerente
com a figura construída, como atender ligação do celular de Vinny
dizendo “fala Vinny boiolinha!”; ou apelidar o companheiro de quarto de
“Juju”; ou fazer aquele teatrinho do juiz e do cartão vermelho com a
“acompanhante” da semana. É o típico amigo fdp, sem tirar nem por. Palmas lentas.
No sentido contrário, ainda não sei a
que veio a história da psicóloga de Vinny, a não ser por umas sessões de
poucas palavras; nem o porquê da cara tão fechada do garoto no
episódio. Esperemos. Por falar em esperar, este é o terceiro episódio
que terminarei a review do mesmo jeito: “para o próximo
capítulo, ficou o futuro profissional indefinido de Juarez”, que não foi
sequer ventilado esta semana. O juiz anda muito tranquilo com seu
desemprego, já está passando da hora de fazer alguma coisa. Aí eu
pergunto: um bom episódio – engraçado, ágil, instigante – mas com um
final deveras desapontador tem salvação?
Observações:
- De vez em quando, Juarez abandona a
cara de certinho e mostra seu lado canastrão. Nesse episódio, foi quando
respondeu a pergunta de Rui sobre o que estava fazendo com Manu.
“Comendo!”, disse, rindo da cara do advogado.
- Nos intervalos da programação, a HBO vem liberando reportagens sobre os bastidores de (fdp),
algumas bem interessantes. O melhor é que os vídeos estão no Youtube
(destaco “Desafios da Produção” e “Os Craques”), e podem ser acessados neste link.
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