sábado, 1 de dezembro de 2012

(fdp) – 1×10: Aqui se faz, aqui se paga


Enquanto os pombinhos planejam o casamento, Juarez (quase) entra numa fria. Quase.

Spoilers Abaixo:
Assim como Juarez se encontra afastado da arbitragem, esse episódio de (fdp) deu uma pausa nas partidas de futebol. Desta vez, o roteiro nos mostra que, mesmo fora dos campos, o estigma de “ladrão” de um juiz sempre o perseguirá, não importa o quão profissional e boa pinta ele seja. Vida dura essa, hein?
Dados os erros que cometera nos últimos episódios, Juarez está sendo xingado aos sete ventos (de certa forma, concretizando o temor que o delírio do início do capítulo mostra), especialmente no programa de seu desafeto Neri Nelson. E se tem uma coisa que torcedor fanático não esquece, é erro de juiz. Olha, tenho certeza que ser “sequestrado” por um grupo de torcedores fanáticos do Pauliceia por conta daquele pênalti duvidoso lá do primeiro episódio (lembram?) nunca tinha passado pela cabeça do árbitro. Mas vem cá, que sequestro foi aquele?

Recapitulemos: o carro de Juarez deu problema e ele, que precisava pegar o filho na psicóloga, resolveu tomar um táxi. Daí o taxista, torcedor do Pauliceia, reconhece aquela figura pública, lembra-se da final do campeonato que o time perdeu e resolve “pegar um atalho”, sem deixar de comentar para o passageiro que odeia motoboys. Chega numa comunidade obscura e chama os “manos” – todos com cara de gente boa (de prestar) – para mostrar o fdp que estava transportando. Nessa hora, eu, como espectador, já estava muito empolgado, achando que Juarez ia ser sequestrado e ia levar uma senhora duma surra.

Mas, para a minha tristeza, como disse um dos mentecaptos que lá estava, “o único ladrão daqui é o juiz, nós somo trabalhador”. Pois é: levaram Juarez para um barraco, ameaçaram, perguntaram por que deixou o Pauliceia perder para um time “de merda”, ficaram com raiva e asco do protagonista, mas, na hora H, deixaram o homem sair pela porta da frente! OI? Só bastou Juarez fazer um discursinho de que juiz ganha pouco e a vida é dura (além de ameaçar caguetar o taxista que tinha falado mal da profissão do amigão motoboy) que eles murcharam. Mas sério? Sério que o momento para que todo o episódio foi construído não ocorreu? Sério que Juarez saiu tranquilamente andando pela rua e ninguém foi atrás dele? Sério que ele não levou nem um soco na cara? Sério que o episódio terminou com esse mega anticlímax? Fora o realismo, que passou foi longe.

Depois que o episódio terminou, fiquei bem desapontado com essa escolha desastrada do roteiro, mas tenho que reconhecer os méritos dos demais momentos. Guzman e Rosali resolveram dar uma de cupido e chamaram Manu e Juarez para serem padrinhos do casamento. As cenas sobre o assunto, como sempre, foram muito boas, com uma Manu surpreendentemente cooperativa. Aliás, como essa mulher consegue mudar de “suportável” para “mega-azia” em tão poucos segundos! Foi assim, azeda como limão-taiti, que ela dispensou Rui – chegando o momento que eu esperava desde o primeiro episódio. Vá, e não volte mais, seu mala (e da próxima vez, pense um pouco antes de levantar a mão para um garoto cuja mãe está a dois centímetros de distância!). Até por que o ex-quase-futuro-casal já está todo de gracejos um para cima do outro, com piadinhas e flertes a balde. Daí para voltarem é só um passo.

É minha obrigação, ainda, elogiar Carvalhosa, que teve um texto especialmente inspirado nesta semana. Todas as palavras (de baixo calão, claro) que saíram de sua boca foram engraçadas (destaquei algumas ao fim do texto). Além trazer o humor que o episódio precisava, tais expressões foram exaradas com imensa naturalidade pelo ator Paulo Tiefenthaler, convencendo o espectador da índole canastra do personagem sem dificuldade alguma. Tudo é coerente com a figura construída, como atender ligação do celular de Vinny dizendo “fala Vinny boiolinha!”; ou apelidar o companheiro de quarto de “Juju”; ou fazer aquele teatrinho do juiz e do cartão vermelho com a “acompanhante” da semana. É o típico amigo fdp, sem tirar nem por. Palmas lentas.

No sentido contrário, ainda não sei a que veio a história da psicóloga de Vinny, a não ser por umas sessões de poucas palavras; nem o porquê da cara tão fechada do garoto no episódio. Esperemos. Por falar em esperar, este é o terceiro episódio que terminarei a review do mesmo jeito: “para o próximo capítulo, ficou o futuro profissional indefinido de Juarez”, que não foi sequer ventilado esta semana. O juiz anda muito tranquilo com seu desemprego, já está passando da hora de fazer alguma coisa. Aí eu pergunto: um bom episódio – engraçado, ágil, instigante – mas com um final deveras desapontador tem salvação?

Observações:
- De vez em quando, Juarez abandona a cara de certinho e mostra seu lado canastrão. Nesse episódio, foi quando respondeu a pergunta de Rui sobre o que estava fazendo com Manu. “Comendo!”, disse, rindo da cara do advogado.
- Nos intervalos da programação, a HBO vem liberando reportagens sobre os bastidores de (fdp), algumas bem interessantes. O melhor é que os vídeos estão no Youtube (destaco “Desafios da Produção” e “Os Craques”), e podem ser acessados neste link.

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