Reações inesperadas.
Spoilers Abaixo:
Sessão de Terapia apresentou mais uma ótima semana, se firmando como uma fiel adaptação e surpreendendo o espectador mais vez. A série é imprevisível e se supera a cada semana!
Vamos ao que aconteceu essa semana:
Segunda- Júlia
Será o fim da terapia de Júlia? Não acredito nisso, seria surpreendente se ela não voltasse, mas não acredito. Apesar de o episódio ter começado com Júlia certa de que aquela era sua última sessão, surpreendendo Théo, o que vimos no decorrer do episódio nos impede de acreditar nisso. O relato inicial da anestesista sobre uma paciente que quase morreu e toda a sua culpa me deram a exata sensação de que Júlia tinha algo a ver com o que aconteceu, e ela realmente tinha. Ela acabou revelando que ligou por um descuido, a menina no tubo errado, de tanto pensar em Théo, ela quase matou alguém. Pra Júlia, aquela foi a prova de que a influência de Théo, fazia mal pra ela e o certo era encerrar a terapia.
Foi uma sessão de revelações. Achei de uma sinceridade incrível o que Júlia contou sobre como se sentia sozinha e queria até que o pai sumisse e levasse com ele o silêncio, depois da morte de sua mãe. Quem já perdeu alguém, sabe o quão doloroso é todo esse processo de voltar a se acostumar com a vida, sem alguém que você amou. A perda da mãe fez com que Júlia encontrasse no casal um refúgio para aquela situação e é isso que ela busca em Théo.
Perceber que Beto se aproveitou de Júlia e ela não teve ninguém para ampará-la, nos ajuda a entender mais da paciente e do por que ela tem essa transferência erótica com Théo. O conselho que Théo deu a ela, para conversar com o pai me parece o caminho certo, já que descobrimos que ele é o grande abusador da história dela. Júlia era só uma menina de 15 anos, que tinha acabado de perder a mãe e que quis atrair Beto de uma maneira errada, pra fugir daquela solidão. O triste é perceber que até hoje Júlia continua desamparada, perdida, se odiando e tendo que usar a sedução como arma pra conquistar alguém, pra logo depois perder o interesse, como aconteceu com Breno.
Ao julgar pela passada de perfume no início do episódio e o abraço final, Théo já estava completamente envolvido. Como Júlia muda de opinião muito facilmente e não desiste fácil do que quer, tenho certeza que a veremos em breve. Espero que ela conte como realmente se sente em relação ao pai e que Théo continue a dizer não, porque assim ele se coloca como alguém importante, alguém não seduzido por Júlia, o que o aproxima dela. Eu queria mais emoção na interpretação de Maria Fernanda Cândido, a achei tão distante, era como se a preocupação fosse colocar a paciente indiferente a tudo.
Frase do episódio: “Agora é a gente que precisa terminar Théo”. – Júlia
PS: Júlia ganhou meu respeito ao dizer que gosta de Legião Urbana e que conseguiu decorar a música Faroeste Caboclo.
Terça- Breno
Toda a disposição de Breno em ser de fato um paciente na última sessão, veio abaixo nessa. Se na sessão passada ele já desconfiava de que Júlia estava interessada em outra pessoa, nessa ele teve a certeza de que essa pessoa é Théo. A obsessão da paciente por Théo ficou claro nas palavras de Breno, quando ele disse que ela passava o todo tempo falando do terapeuta. Algumas coisas já repetitivas apareceram mais uma vez no episódio, como o fato de Breno falar de dinheiro pra mudar o foco do assunto emocional, ou o desejo de ter se envolvido com Júlia para desafiar o terapeuta.
Breno, assim como os outros pacientes, questionou a posição de estar revelando tudo da sua vida e não saber nada sobre a vida pessoal do terapeuta. Só que Breno foi longe demais e levantou informações sobre a vida pessoal de Théo. Toda a cena de Breno falando que descobriu que Théo é um deus em ruínas e colocando pra fora tudo o que soube da vida do terapeuta, até conseguir uma reação furiosa com Théo agarrando o seu pescoço, foi incrível! Nunca pensei que Théo chegaria a esse ponto, isso só reforçou a ideia de que a série é sobre um terapeuta que está passando pelo pior momento da vida pessoal e tendo que lidar com os pacientes mais difíceis.
Essa atitude de Théo foi tudo o que Breno almejava, ao mesmo tempo em que tirou o terapeuta do pedestal, ele conseguiu uma reação, mais do que um tapinha na coxa. Reação de verdade que ele nunca teve de seu pai e posso dizer, que essa reação vai ser um fator importante para aproximar Breno de Théo e permitir que o paciente se abra. Imagino como deve ter sido difícil e frustrante para Breno conviver com a “perfeição” de seu pai e que o fato dele querer ser o melhor sempre, é reflexo disso. Essa distância de Breno com o pai é o que faz com que ele o idolatre, e queira ser tão frio quanto o pai, que nas palavras dele, é um homem de aço.
Outra coisa que vale a pena destacar é que quando Théo parte pra cima de Breno, ele grita para que ele não fale de seus pacientes. Percebam que Breno tinha falado de toda a sua família, mas Théo só se alterou e se ofendeu quando Breno falou de Júlia. Isso prova o que Clarice disse sobre Théo se importar mais com os pacientes, do que com a família e como ele está envolvido com Júlia. Falando de Clarice, ela ainda apareceu nesse episódio, mas nada que me prendesse, o estrago já estava feito, a emoção já havia me atingido e a cara de assustado de Breno já tinha refletido a minha reação com aquela sessão excepcional.
Foi uma sessão tensa e que eu considero, até o momento, como a melhor sessão da série. As atuações de Zécarlos Machado e Sérgio Guizé foram precisas, maravilhosas. Aliás, a atuação de Guizé cresceu muito durante a série e nos fez se aproximar de Breno, é incrível a identidade que ele deu ao personagem. Hoje, considero Breno como o paciente com mais potencial a ser tratado e espero a cada semana ansiosamente pela sessão dele.
Frase do episódio: “Não fala assim dos meus pacientes, quem você pensa que é? Seu muleque!” -Théo
PS: Breno contando que tomou comprimido e vodca pra encarar Júlia, foi hilário!
Quarta- Nina
Desde o começo da terapia com Nina, percebemos como é caótica a relação dela com os pais. A sessão dessa semana é especial justamente por nos mostrar além da visão da paciente adolescente como é, de fato, a sua mãe. Quem já foi adolescente, sabe como é discordar e se irritar com a maioria das coisas que os pais fazem e com a Nina não é diferente. Ela é uma personagem de fácil identificação.
Após a tentativa de suicídio semana passada, Nina foi a terapia acompanhada de sua mãe a pedido de Théo, o que nos permitiu ver vários confrontos. Nina quer voltar aos treinos e sua mãe não aceita isso, isso prova o que Nina disse de sua mãe ser controladora e por isso, ela se sente melhor e mais livre nos treinos. Por outro lado, nós como espectadores vimos uma mulher tentando recuperar a relação com a filha, como Théo disse, ela errou no passado e se preocupa com a situação da filha, mas está sendo desprezada com palavras duras.
Théo finalmente compreendeu que Nina tentou com uma atitude, já que ela não consegue com as palavras, pedir uma ajuda e queria ser salva por ele, por isso tentou se matar no consultório. Achei bem tocante quando ele pergunta a ela, o porquê de querer morrer e ela diz que só queria dormir pra sempre, não sentir nada e se livrar desse lado fraco. A morte pra Nina é a saída da situação caótica em que se encontra a vida dela, ela não quer morrer de fato, ela só quer que tudo isso passe. A relação de cumplicidade entre os dois que tanto falo nas reviews, foi destacada essa semana por Théo, que praticamente disse amar a paciente, se importar com ela e pra Nina, que sempre se sentiu tão sozinha, isso é importante.
A maravilhosa cena da briga com a mãe no consultório, revelou que um problema naquela relação também é o cotidiano. Nina jogou sobre a mãe palavras duras, realçou o fato de se sentir trancada pela mãe e mentiu sobre transado no hospital com Leon só para machucá-la. Já Isabel não entendeu o porquê de Théo achar certa essa decisão de voltar aos treinos e disse que a garota só idolatra o pai porque ele está distante e que se ela também estivesse, seria valorizada.
O acordo proposto por Théo para que Nina não tentasse se matar durante a terapia também foi importante e eu espero que ele explore como ela de fato se sente em relação ao pai distante, confronte essa idealização. A tentativa de se matar foi o que Nina encontrou para chamar a atenção e agora que sua mãe finalmente a vê, ela rejeita essa relação. Isso é bem contraditório, mas como Théo disse, Isabel não quer perder a filha e Nina, apesar de tudo, não quer desistir da mãe.
Frase do episódio: “Eu só queria acabar com esse lado fraco que não serve pra nada”– Nina
P.S: É irritante e engraçado quando a Nina fala “Saaaaaco”
Quinta- Ana e João
Sempre que Ana e João chegam ao consultório, é possível decifrar como está a relação dos dois só pela distância no sofá. Essa semana, eles estavam bem separados.
Já pararam pra pensar em como deve ser o filho desse casal em crise? Segundo João, o menino é gordinho por má influência da mãe e Ana disse que o pai influenciou negativamente o menino, o ensinando a agredir os colegas da escola. Ana e João se separaram semana passada, depois de João ameaçar matar Ana durante uma relação sexual. O que me impressionou não foi a ameaça e sim, como Théo lidou com isso na terapia. Ao invés de colocar João como um vilão, ele entendeu a profundidade dos sentimentos contidos naquela ameaça. Diante da indiferença de Ana ao contar sobre a ameaça e a descoberta que ela foi uma criança gordinha, fez Théo desvendar o nojo que ela sentiu.
João não queria perder Ana e sua ameaça foi a maneira encontrada por não conseguir dizer o quanto a ama, por não conseguir admitir que se ela o deixar, é ele que vai morrer. João apesar da desconfiança é totalmente refém dessa relação, ele é absurdamente dependente da vontade de ter essa mulher ao seu lado. Diante de uma reação passional, uma demonstração de fraqueza e emoção forte de João, Ana recuou. Convém a ela que o marido seja um estúpido, porque assim, ela que já sofreu de baixa autoestima, não precisa demonstrar e ver as suas fraquezas. Ainda que Ana ainda tenha uma postura de arrogância e indiferença durante as sessões, eu acredito que isso só seja uma máscara, uma maneira de esconder as dores que ela tem pelo casamento, as desconfianças, a rotina.
No final, João desaba e a distância no sofá acaba. O homem estúpido confessou todo o seu amor, o medo do casamento acabar e se transformou em um menino que deixou as lágrimas brotarem, repousando a cabeça sobre o colo da esposa. Lindas interpretações, comovente sessão, espero que eles decidam começar a entender os erros que estão cometendo nessa relação. O casal precisa de uma identidade individualmente.
Frase do episódio: “Eu não consigo mais viver sem você, eu não vou aguentar ficar sem você”- João
P.S: O filho da Ana e do João, deve ser igual esse menino aqui.
Sexta- Dora
As sessões de sexta-feira, agora já tem uma nova paciente: Clarice. Finalmente, depois da cena em que ela confessou trair o marido, podemos ouvir e conhecer mais de Clarice. Dora sugeriu três sessões para a decisão de continuar ou não com a terapia de casal e ao julgar por essa primeira, teremos sessões tensas. Apesar de gostar muito da sessão de sexta por ver o Théo contar tudo, acredito que essa é uma boa oportunidade de conhecê-lo como pai e marido.
Os dois aparentavam estar bem incomodas no começo das sessões, mas depois cada um revelou uma mágoa. Théo não consegue perdoar a esposa pela traição e disse muito magoado, mas como Dora bem pontuou, ele não demonstra isso. Clarice apesar de dizer que não era boa de explicar seus sentimentos, revelou que Théo matou um lado impulsivo, irresponsável, espontâneo dela e que no caso extraconjugal passageiro, ela encontrou isso. Com certeza, não deve ser fácil ser casada com um terapeuta que a todo instante deve querer interpretá-la.
Dora não foi imparcial durante a sessão, a todo instante ela tentava colocar Théo contra a parede, provavelmente por querer dele a revelação que veio no final do episódio. Théo confessou ter uma paciente interessada nele e Clarice contou como o marido está frio há exatamente um ano, tempo em que Júlia faz sessão com Théo. É claro que Júlia não é um assunto bobo na vida de Théo, por isso ele decidiu contar sobre ela na sessão, ele foi ali só para isso.
Senti a dor de Clarice ao perceber que a confissão de sua traição pode ter sido um alívio ao invés de uma dor para Théo. Théo se defendeu alegando que não cometeu uma traição, tentando tirar de si a culpa e jogando sobre a esposa. Imagino como foi difícil pra ela ter o marido distante, frio e ainda por cima, ter a vida conjugal exposta pra Dora.
Foi mais uma ótima sessão! Acho que o Théo não deveria ter citado o nome da Júlia, com certeza, isso terá um desdobramento futuramente. Espero que Dora seja mais imparcial e descubra o que tornou essa relação vazia.
Frase do episódio: “Como eu saio daqui? O que eu levo dessa sessão? O que eu vou fazer?” – Clarice
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