
“I de Imbecil, P de Piranha, C de Cuzão e E de Exibido!”
1×08: O Videoteipe é Burro e o Ponto é uma Besta
O oitavo episódio de (fdp) começa
 com um retrato de uma sociedade talvez ainda distante, onde todos 
viraríamos infalíveis ciborgues que, auxiliados pelas tecnologias que 
virão, não cometeríamos mais erros. Tudo isso pelo fato de nosso árbitro
 favorito não ter visto uma “bola na mão” em uma partida que apitara. O 
que abre uma nova discussão: até que ponto cabe a utilização de avanços 
tecnológicos, como o ponto eletrônico, para auxiliar no trabalho do trio
 de arbitragem?
Para Juarez, tudo que ajude o juiz é 
melhor. “Não deu pra ver o lance só com os dois olhos que tenho”, 
explicou a Neri Nelson. O que não convenceu muito o apresentador, que 
tratou de providenciar um exame de vista no meio do programa – 
provocando a ira do protagonista e o fazendo soltar a frase que abre 
esta review. É interessante notar, nesta cena, o aparente 
complô contra Juarez: os convidados não hesitaram em discordar do moço. 
Vale transcrever a profundidade do depoimento de Cidão (“ex-atacante e 
galã”): “jogador tem que jogar e árbitro tem que apitar”, o que quer que
 isso signifique.
Em seguida, Juarez (com sua 
autoconfiança reticente) é escalado para apitar mais um jogo pela 
Libertadores, na Bolívia – dessa vez ao lado de Carvalhosa e Serjão (que
 voltou da suspensão). “Coincidentemente”, Vitória também viajou, 
atuando como comentarista do jogo. Dada a situação, foi triste perceber 
que o roteiro decidiu seguir pelo caminho mais óbvio e menos verossímil:
 Juarez usou um ponto eletrônico, aproveitando a visão privilegiada de 
Vitória, que o guiaria na arbitragem. O plano corria bem, até Vitória 
ser cantada por Cidão (“coincidentemente” também comentarista), a 
fazendo esquecer o resto do mundo. Juarez, claro, ouviu tudo e, no meio 
da partida, resolveu também parar de trabalhar e deixar de marcar um 
impedimento.
Analisemos as incongruências: como 
nenhum dos outros comentaristas percebeu (ou questionou) Vitória o tempo
 todo falando num celular? Como nenhum repórter ao nível do campo viu o 
ponto eletrônico no ouvido de Juarez? Como ninguém contestou a “visão de
 raio X” do juiz, que conseguia ver faltas que ocorreram quando estava 
de costas para o lance? Vitória é assim tão irracional a ponto de se 
derreter como uma adolescente e cair na conversa mole de um marmanjo 
antes da partida terminar? Juarez é tão incompetente assim, a ponto de 
não mais conseguir apitar a partida sozinho (o inverso do que todos os 
outros episódios mostravam)? Ainda sobre Juarez, é razoável pensar que 
um árbitro experiente, que já cometeu um erro em um jogo anterior, se 
deixasse levar pelo ciúme a ponto de desmoronar no meio da partida?
Tudo foi muito inoportuno nesta viagem à
 Bolívia. Para piorar, ao fim do jogo Vitória já estava devidamente 
abraçada com Cidão e já tinha esquecido Juarez – como se o tivesse 
conhecido ontem. Oi? Desde quando os relacionamentos em (fdp) são tão rasos? Realmente espero que a participação de Vitória na série não tenha acabado tão avulsamente.
 Além disso, a produção economizou ainda mais na ambientação da partida:
 praticamente só se mostrou perna de jogador correndo e closes de 
Juarez. Nada de planos abertos, nada de visão aérea – mais genérico 
impossível. No fim das contas, desta sequência só se salvou a merecida 
suspensão de Juarez pela próxima rodada, enredo que tem bastante 
potencial, se bem utilizado.
Ao contrário da partida, foi 
interessante o aprofundamento da relação entre Guzman e Dona Rosali. No 
começo da série, eu pensava que o casal iria servir apenas de alívio 
cômico, sem muito plots dedicados. Contudo, foi divertido e 
leve o pedido de casamento e as cenas posteriores, sem nenhum drama 
desnecessário. Afinal, “casamento é divertido, por causa da festa” e, 
mais importante, “tem que aproveitar enquanto ele está vivo”.
Por fim, Manu vai atrás de emprego e 
acaba cuidando de aquários de lagostas em restaurantes pela cidade 
(sério que precisa de um biólogo pra isso?). Até agora, nada demais por 
aí e nada que mereça destaque. Em geral e apesar das minhas críticas, o 
episódio divertiu, com suas habituais boas piadas e personagens bocas 
sujas. Entretanto, a pobreza do enredo se sobressaiu, prejudicando os 
bons momentos do episódio, principalmente quando comparado com os 
excelentes capítulos anteriores.
1×09: Cartão Amarelo
Se eu reclamei das incongruências do 
episódio passado, pelo menos tinha a esperança que, na semana seguinte, 
Juarez fosse correr atrás da sua careira e lidar com sua suspensão. Mas 
não: o episódio começou e terminou e o protagonista continua suspenso. 
Pior, ele parece não estar se importando muito com isso e com o futuro 
da carreira. Sinto cheiro de filler? Com certeza.
Como sabemos, a vida de Juarez não está 
lá das melhores: dispensado pela capa da Playboy, suspenso no trabalho, 
apaixonado (ainda) pela ex e café-com-leite no videogame. Ai 
você faz o quê? Para usar o clichê, levanta, sacode a poeira e dá a 
volta por cima. Mas não Juarez. Juarez, o juiz da Fifa, que sonhava em 
apitar a Copa do Mundo, pelo visto agora prefere continuar na lama. 
Senão vejamos: o árbitro tenta contatar Camponero para tentar 
convencê-lo a reconsiderar sua suspensão. Liga, vai na casa, vai no 
escritório. Não acha o chefe. Aí Carvalhosa consegue marcar o almoço que
 pode salvar sua carreira. Neste cenário, uma pessoa sensata chegaria 
adiantado no restaurante com as orelhas abaixadas. Mas Juarez prefere 
ficar de birrinha com Rui e apitar Escola da Luz x Escola Técnica pela copa interescolar. Coerência, cadê?
Tudo bem que ele ia ver o filho jogar, 
mas não justifica frente ao momento delicado da carreira do juiz. Parece
 que desistiu de ganhar dinheiro (nem que seja pra pagar advogado!) e de
 ser o melhor árbitro do planeta, o que não condiz com a personalidade 
construída para o personagem durante os sete primeiros episódios. Para 
piorar, o draminha que se seguiu pelo fato de o pai marcar impedimento 
em um gol do filho foi totalmente dispensável. Primeiro por sua curta 
duração (o menino já tinha se arrependido dois minutos depois), segundo 
por sua inutilidade (em nada mudou a relação entre pai e filho). Claro, 
tudo era para justifica a “inspirada” frase de “efeito” no final: “o 
certo é sempre fazer a coisa certa”.
Mais uma vez, destaco o casal 
coadjuvante Guzman e Dona Rosali, que tiveram bastante tempo em tela 
(percebe-se aí a natureza de “encher linguiça” do episódio). A noiva 
passou o tempo todo com seu vestido (alguém mais se lembrou de Friends?),
 sem a menor cerimônia com o fato de o noivo vê-la antes do casamento. 
Na verdade, os dois não brincaram em serviço e aproveitaram para 
adiantar a noite de núpcias. Tudo muito leve, tudo muito divertido, 
assim como no episódio passado.
Fora isso, teve um seguimento sem muita 
importância do programa do Neri Nelson, apenas repetindo que Juarez está
 suspenso, e uma entrevista com Vitória em um programa de tevê, com o 
único intuito de mostrar a moça com pouca roupa (tudo bem, essa parte 
foi boa). Senti falta das piadas boas, infelizmente. Para o próximo 
capítulo, ficou o futuro profissional indefinido de Juarez e a esperança
 de que a suspensão renda algo interessante. Exatamente como no capítulo passado. Só digo uma coisa: reage Juarez, já está perdendo a graça.
Observações:
- Como de costume, os episódios contaram
 com várias participações especiais. Chris Couto voltou como Gina no 
oitavo episódio – para não fazer absolutamente nada. O nono episódio, 
por sua vez, trouxe três figuras relacionadas ao futebol: Neymar, como o garoto que faz a manutenção do filtro da casa de Camponero; Juca Kfouri, como revisteiro (e leitor de Playboys) e Rincón, como Rincón mesmo (participando do programa de Neri Nelson).

- Alguém entendeu qual a história do 
russo milionário que foi repetida nos últimos dois episódios? Ele era 
dono do time do Paraguai, é isso? Imagino que possa ter alguma 
relevância futura, mas ainda estou meio perdido. De qualquer forma, a 
menção misteriosa rendeu uma pérola de Carvalhosa: “Prejuízo é que nem 
supositório, até quando é pequenininho dói”.
- Nos dois episódios, o parco 
condicionamento físico do protagonista foi bastante enfatizado. Desse 
jeito está difícil chegar à Copa do Mundo, hein? Bora dar uma corridinha
 no parque, não faz mal a ninguém!
 
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