sábado, 1 de dezembro de 2012

Sessão de Terapia – 4ª Semana



Ao fim dessa semana, fiquei exatamente como Dora: surpresa e sem palavras.

Spoilers Abaixo:

Foi uma bela semana em Sessão de Terapia, essa é uma série de evolução, envolvimento, revelações e surpresas. Gostei muito dessa 4ª semana apesar de uns equívocos que citarei a seguir, mas eu senti que ficou claro, o desejo de Théo de se identificar com seus pacientes.

Segunda - Júlia

Como apontei na minha review passada, o momento era propício para um envolvimento de Breno e Júlia, já que ele estava separado e ela doida para trair (mais uma vez) André e irritar Théo. A cena inicial do episódio, com Théo imaginando a pegação de Júlia com Breno a partir dos relatos dela, o evidenciou como um simples expectador do envolvimento de seus pacientes. Júlia fez questão de contar nos mínimos detalhes como foi sua experiência sexual com Breno, e pelo que entendemos, foi completamente frustrante e ela se sentiu sozinha. Para Théo, a frustração foi consequência da tentativa de Júlia para atingi-lo. Lutando contra essa ideia, Júlia reforçou mais uma vez, que Théo estava sendo egocêntrico e que Breno não pertencia a ele.
Ao julgar pelo que vimos na primeira sessão de Júlia, Théo estava certo. Ela usou o homem do bar para sentir que estava com Théo e com Breno não é diferente. A necessidade que Júlia tem de ter posse e manipular pessoas é mostrada a nós, desde a primeira sessão e só se confirma com o passar do tempo. Prova disso é o fato dela ter decidido terminar tudo com André (o que foi um alívio para ele), descartando-o de uma hora pra outra, como se já tivesse outra pessoa para ferir Théo.
Essa semana Théo revelou para sua paciente duas coisas, que eu acho que permitem uma identificação entre os dois: o ódio próprio e a infância dolorosa marcada pela perda da mãe. Essa decisão de cair no jogo de emoções de sua paciente, nos apresenta uma dúvida sobre o potencial terapêutico de Théo, por mais que a série seja uma ficção. Como um terapeuta pode se deixar levar pela paciente dessa maneira, não conseguindo se manter neutro diante da transferência erótica dela? Mas analisando por um outro lado, ele usou essas revelações em momentos oportunos para se aproximar de Júlia e dos sentimentos mais profundos dela. Entrar no jogo do paciente, às vezes, pode ser a saída encontrada para conhecê-lo.

A sessão de segunda-feira com Júlia é marcada pela autenticidade e profundidade dos sentimentos, em que ela é a única paciente que parece não ter medo de falar o que sente. Eu não sei vocês, mas muitas vezes, eu sinto o Théo totalmente coagido e ela com o controle da situação. A cena final do episódio nos mostrou uma Júlia manipuladora, tendo Breno como seu objeto para provocar ciúmes e sabendo que seu terapeuta Théo, está do outro lado da janela, se envolvendo (ainda que escondido) com tudo aquilo.

Frase do episódio: “Théo, você tá querendo dizer que eu mirei no Breno pra acertar em você?”- Júlia.

 

Terça - Breno
Théo estava bem debochado nessa sessão e usou a pergunta de Breno sobre quantos pacientes ele tem por dia, para afirmar que na verdade, o paciente quer toda atenção e não suporta dividir a atenção com outros pacientes. Breno usou o mesmo argumento de Júlia e disse que Théo era egocêntrico e que só chegou mais cedo porque foi barrado pela corporação que não o deixou entrar na base. Nesse momento, fica claro que Breno chegou com uma certa fragilidade na sessão e tentou demonstrar poder e controle, jogando o dinheiro para Théo. Foi uma tentativa do paciente de após uma humilhação, humilhar o terapeuta, lembrando-o de qual é o seu lugar.

Assim como na sessão com Júlia, Théo também revelou algo pessoal para Breno: ele se masturba. Nesse caso, a confissão íntima foi para que Breno também contasse uma intimidade, foi a saída encontrada, certa ou não, para fazer o paciente falar. Do ponto de vista de Breno, entendemos um pouco mais do que aconteceu durante a primeira transa com Júlia. Pra ele também foi frustrante, já que foi sua primeira experiência sexual depois do fim do casamento com Milena e porque Júlia fez cara de paisagem com algo que ele falou durante o jantar. Aliás, o fato dele ter se sentido diminuído por Júlia, fez com que ele a humilhasse (falando da ex-mulher!) durante todo aquele encontro. Como Théo disse, Breno teve sensação de desamparo, inadequação, cometeu erros, fez sexo contra a sua vontade e sentiu que sua performance sexual, não foi a melhor. Imagine como foi para Breno não ser o melhor, um total desastre!
O café, essa semana foi usado como um anticlímax, uma fuga de Breno no momento mais tenso. Após a pausa, tivemos uma interessante analogia da terapia com o trabalho de Breno, como ele disse, a sua visão periférica o levou até ali e talvez, seja a hora dele mudar o foco e deixar Théo ajudá-lo. Será que ele vai permitir essa ajuda e opinião do terapeuta? Não acredito que será fácil assim, mas foi um começo. No final, Breno revelou saber que Júlia está gostando de outra pessoa e só usando-o, ele ainda citou que Júlia mudou completamente de comportamento depois do fim da sessão. Fora do carro, ela estava agarrando-o, mas dentro do carro, ela ficou frígida. Agora, mais do que nunca, temos certeza que a atitude de Júlia só foi para incomodar Théo. Não vejo futuro, ainda mais depois desse episódio, na relação entre Breno e Júlia. Acredito que ambos entenderam que não dará certo.

Preciso dizer que acho extremamente estranho para um tipo machão como Breno, dizer que não sabe se sexo é realmente importante. Só serviu pra reforçar minhas suspeitas de que talvez o personagem seja gay. Sim, eu penso isso e tenho argumentos: a tentativa de ser sempre aceito, a dificuldade de lidar com uma humilhação, a insistência em falar do amigo gay, a vontade de chamar a atenção de Théo, a dificuldade em transar com outra mulher, o fato de só admirar Milena e não amá-la. Não sei se essa suspeita é certa, mas espero os desdobramentos dessa trama.

Frase do episódio: O sexo realmente importa ou a gente que dá atenção demais pra isso? – Breno



Quarta - Nina
Nina não está mais com os braços engessados e com o colar cervical, mas a fragilidade permanece a mesma. Como em todas as sessões de Nina, fomos surpreendidos, dessa vez ela chegou bêbada, com direito a deitar no sofá do consultório e reclamar de ressaca. O telefonema de Théo para a mãe da garota, resultou numa saída ao shopping, atitude que para Nina é completamente diferente do habitual.

 
Nina falou da bebedeira, da má relação sexual que teve e de como seus sapatos machucavam. Confesso que achei lindo Théo comparando Nina com Dorothy, tudo porque assim como a garota do musical, Nina só precisa descobrir que o lar é o melhor lugar para estar. O problema é que a garota não quer voltar pra casa e não se vê com uma família.

O que me surpreendeu e impactou, foi Nina falando abertamente sobre o acidente. Evidentemente, que a confissão dela sobre o acidente não pode ser levada em conta nesse momento. Acredito que nem ela tem a exata noção se causou ou não acidente, aquilo foi mais uma tentativa de transcender uma emoção. Nina se sente sozinha, sem o apoio da mãe, com um pai que não está presente, se sente obrigada a transar, até a usar sapatos que não gosta.

Théo revelou para Nina que sabe como é ser um adolescente conturbado. Nem preciso dizer que isso foi para se aproximar dela, assim como ele fez com Júlia e Breno. Incomodou-me um pouco a posição de Théo diante da Nina, senti-o um pouco apático, distante, não entendendo que a garota gritava por uma ajuda, uma atenção.

Essa situação de clamar por uma ajuda, ficou explícita com o fato de Nina ter tomado os comprimidos no banheiro do Théo. Vi muitas pessoas criticando isso na série e até dizendo que foi um furo. Claro é difícil de imaginar, mesmo numa ficção, como um terapeuta deixa remédios no banheiro; Mas vale lembrar que aquele também é o banheiro íntimo dele, já que ele tem dormido no consultório. É necessário que algo aconteça na ficção para que a história ande, mas é difícil de imaginar que isso não teria consequências graves para um profissional na vida real. Foi uma brilhante sessão!

Frase do episódio: “Eu tentei me matar” – Nina



Quinta-feira – Ana e João

 
O episódio se inicia e Ana chega primeiro novamente, o que me fez pensar que João teria desistido de comparecer a terapia. Mas não foi o que aconteceu. Depois, ambos são interrompidos antes de começaram a falar por um telefonema para Théo, sobre Nina. Nem preciso citar que atender ao telefone durante a sessão de outros pacientes, também é um erro e pode demonstrar falta de respeito, né? Mas vamos relevar, porque essa semana foi cheia desses detalhes!

Théo contou que ainda se surpreende com a chegada do casal, o que faz Ana dizer que eles são um casal previsível e estável. Quando João não voltou cedo pra casa, ele sabia que Ana estaria lá com seu filho, nesse caso, é a clara sensação de que o outro nunca vai tomar uma decisão definitiva e sair de casa. Assim como Théo, entendo que essa relação tem necessidade de sobreviver com conflitos. A relação nasceu de um conflito, já que Ana traiu o advogado Felipe (conhecido de João) com o ator João, a diferença nas profissões já nos mostra a liberdade que João trazia para Ana no começo. Concordo que tudo era interessante no começo, Ana era uma princesa e agora virou uma esnobe, já João era muito charmoso e agora é só um desempregado controlador, é como se tudo que eles gostavam um no outro, hoje fosse motivo de repulsa e discussão.

 
Eles estão feridos e cansados de buscarem um ânimo nessa relação, mas dar fim ao conflito, nesse caso, é pior ainda, porque o interesse acabaria de vez. Os velhos conflitos voltaram, com um João agressivo (ameaçando socar Théo) e uma Ana cansada da relação monótona e de ser controlada. Théo bem que tentou fazer com que os dois se acertassem, mostrando o quanto eles começaram a sessão distantes e depois se uniram para criticá-lo, e até tiveram uma conexão com a história do encontro inventada por Ana; Mas depois, eles discutiram e sobraram ofensas e tapas por todos os lados. João tem medo de perder o controle sobre Ana. A conversa gravada e sonho com o caminhão são provas disso, provas da fraqueza de João ao pensar que não poderá mais ter poder sobre a mulher.

No caso do casal, Théo se identifica porque sabe como estar em um casamento que parece estar desabando. Achei a sessão muito tensa, mas não estou mais tão interessada na história do casal. Acredito que o aborto aconteceu muito rápido (na 2ª sessão) e isso me tirou um pouco da vontade de acompanhar essa trama. O grande desafio de Théo nessa sessão é ajudar os dois a se encontrarem individualmente e como casal ao mesmo tempo.

Frase do episódio: Vocês não estão forçando um ao outro, para se enquadrar no mundo de cada um? – Théo

 

Sexta - Dora

A sessão de sexta-feira é importantíssima por nos mostrar os sentimentos do terapeuta e funcionar ao mesmo tempo, como um resumo da semana no ponto de vista de Théo. Théo começa a sessão, elogiando Dora e instalando um clima bem agradável entre os dois. É óbvio que sessão de Terapia, já nos mostrou que nada do que acontecer no começo da sessão, continuará no decorrer da mesma. Depois, ele esclareceu que pensa em usar Dora como um álibi no jantar com uma antiga amiga de faculdade dos dois, Miriam. Com Clarice em Roma com o amante, era óbvio esperar esse tipo de atitude de Théo.

Théo de bom humor, até ousou cortejar Dora, numa tentativa de mostrar como ele se sente em ser paquerado por Júlia. Ao vermos o Théo como pessoa, descobrimos como é difícil pra ele conviver com esse clássico caso de transferência erótica de uma paciente. Em um determinado momento, Théo relembra que Jorge, antigo paciente apaixonado por Dora, perguntava a ele se não podia ir pra cama com a terapeuta; Lógico que isso foi apenas para ferir Dora, lembrando-a que ela passou pela mesma situação.

 
Uma observação que Dora fez e que eu concordo plenamente é que no momento em que Théo der um passo, avançar nessa relação com Júlia, ela vai perder o interesse nele. Júlia idealiza Théo como alguém distante a ser conquistado, seduzido, não acho que ela o ama, ele é apenas a pessoa da vez para que ela possa transferir sua carência. Evidentemente que isso desagradou Théo e ele nos apresentou outra situação que acabou com sua relação de amizade com Dora: ela o prejudicou no passado. Théo era o pupilo de Dora e prestes a ser nomeado, ela decidiu que ele ainda não estava pronto, que ele só queria mostrar ao pai que era capaz de fazer aquilo.

Ali, Théo deixou claro que é superior que Dora porque se identifica com seus pacientes (como percebemos essa semana), enquanto ela é rígida, fria, superior e distante. Toda aquela ofensa nos mostrou que Théo quer provar a ela que atualmente, é um melhor terapeuta, o que revela toda mágoa com o passado e o desejo de provar que superou aquilo. Porém o melhor ficou para o final. Depois do desabafo, ele admitiu estar completamente apaixonado por Júlia. Pela primeira vez, a supervisora ficou sem palavras e ela sabe que seu grande desafio é evitar que com o fim do casamento, Théo resolva fazer uma bobagem. Ela é a pessoa responsável por situá-lo e mostrar o que é o correto.

 
Fiquei muito surpresa com a confissão de Théo e a inversão dele com Júlia, agora, o terapeuta declarou estar apaixonado pela paciente. Não acredito que esse amor seja verdadeiro, talvez ela também só seja um escape para a situação atual dele. Um homem traído, com uma bela paciente se declarando, isso pode ser bem confuso. Acredito que essa confissão só ocorreu pelo grau de intimidade de Théo com Dora, se fosse um outro terapeuta, ele jamais contaria. Vamos ver se essa posição de Théo continuará nas próximas sessões!

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