sábado, 1 de dezembro de 2012

(fdp) – 1×06/07: Efeitos Colaterais/Nu Com a Mão no Bolso

 
O sonho de qualquer juiz.



Spoilers Abaixo:


1×06: Efeitos Colaterais
O sexto episódio de (fdp) continua a mostrar as durezas da vida de um árbitro de futebol. Dessa vez, a necessidade de manter uma boa forma física – o que, com o avanço da idade, vai ficando cada vez mais difícil. E nosso protagonista, como traduziu bem o sonho do início do episódio, estava correndo tão rápido quanto um velhinho de andador. Consequentemente, foi reprovado em um teste físico em que (supreendentemente) Carvalhosa fez o segundo melhor tempo e “até a bandeirinha” Vitória conseguiu passar (palavras do educador físico).

Com o resultado, Juarez é colocado na geladeira, devendo melhorar seu condicionamento físico enquanto aguarda um novo teste. Mas o momento não poderia ser pior: como repete religiosamente desde o primeiro episódio, o juiz está “curto de grana”. E por “três mil reais, sem nota”, até ser bandeirinha de joguinho de várzea da firma ele topa – afinal, dinheiro é dinheiro. Por sua (falta de) importância, o jogo da semana acabou reduzido a alguns poucos minutos, sem o habitual comentarista “engraçadalho”.

Curiosamente, este foi o jogo que me pareceu mais tecnicamente bem feito: estava a cara de um jogo de firma, informal e despreocupado. Como não se precisava encher um estádio, pela primeira vez a torcida foi verossímil – afinal, partida de firma só tem poucos gatos pingados na plateia mesmo. É uma pena concluir que a produção de (fdp), até agora, só se mostrou competente em reproduzir uma partida de futebol amador.

Chega o novo teste físico e, desta vez, o árbitro é aprovado, correndo mais que o Usain Bolt. Tal recuperação milagrosa se deve ao grande segredo que o amigão Carvalhosa revelou: um remédio à base de efedrina (segundo a Wikipédia, um estimulante que aumenta a performance atlética, mas com uma pá de efeitos colaterais), aproveitando-se de não haver antidoping para árbitros. Carvalhosa só esqueceu-se de comentar que o remedinho causa perda temporária da libido (mas é um fdp mesmo!), o que fez Vitória apenas se divertir com as luzes do motel – por que nem “falando com ele” Juarez acordou.

Fora isso, me parece que o episódio da semana foi contratado pelo Ministério da Saúde para evitar a automedicação: além do juiz, Dona Rosali toma uma pilulazinha pra dormir (sem receita médica) e o menino Vinny andou tomando remédio escondido na escola (para ficar doidão na aula de educação física). Este foi pego e terá que frequentar uma psicóloga; aquela teve a caixa do remédio despedaçada e jogada no lixo pelo preocupado filho. Tudo muito avulso, tudo sem muita graça.

Graças a Deus, essa semana Manu deu uma maneirada na chatice – vai ver perder o emprego tem esse efeito. Nada se falou sobre a guarda do filho e a proibição do pai em vê-lo, e, felizmente, nada do advogado insuportável. Também faltou, assim como no episódio passado, palavrão e politicamente incorreto. Todo mundo tem estado muito polido, muito urbano, muito amável. Cadê aquele Carvalhosa, aquele Guzman e aquela Dona Rosali bocões dos primeiros episódios? Espero que voltem a abrir a boca suja. E agora que Juarez irá morar com Carvalhosa (para o alívio de Dona Rosali), há um imenso potencial para que tudo volte ao normal.

1×07: Nu Com a Mão no Bolso
Após um episódio morno como o anterior, (fdp) voltou com tudo em sua sétima semana. E não foi só pelas mulheres de biquíni desfilando pela tela, juro (claro que isso ajudou…). Mas o episódio marca o retorno de tudo que fez a série me prender lá nos primeiros episódios: os diálogos afiados, a camaradagem malandra entre Carvalhosa e Juarez, os merchans de Neri Nelson, os comentaristas com um toque de canalhice, as piadas sem pudor…

O episódio começa com uma discussão entre Vitória e Juarez, pelo fato deste querer apitar a partida beneficente entre Gostosas X Poderosas, promovida pela Playboy. Juarez, claro, já se imaginou em uma cena de filme pornô, com direito a orgia numa cama redonda de motel. Como era de se esperar, Vitória logo fechou a cara, e tentou convencer o namorado a não apitar o suposto jogo de Várzea, pois seria ruim para a reputação do árbitro. Ô Vitória, pra quem apitou jogo de firma no episódio passado e não se preocupou com isso, um jogo de modelos vai pará-lo? Além de faturar um trocado para pagar as dívidas, tenho certeza que é o sonho da carreira de qualquer juiz.

Daí segue uma das melhores cenas do episódio (certamente a com o melhor diálogo, transcrito ao final), quando Manu abre a porta do quarto de Juarez e o surpreende bem no momento que ele “faz um teste” sobre a presença ou não de silicone nos peitos da namorada. É importante notar que Manu voltou com seu azedume habitual, mas dessa vez foi muito bem utilizado na situação – a garota estava possuída, insinuando prostituição da bandeirinha a torto e a direito: “paga a moça e veste uma roupa”, disse. Depois disso, Carvalhosa, afiadíssimo, não se segurou e passou o episódio todo cantando Vitória, sem a menor cerimônia.
Mas vamos à partida: jogada de mestre essa da Prodigo Films em juntar mulheres seminuas e futebol no mesmo episódio. Não tem como um marmanjo que se preze não assistir a esse episódio (e a todas as reprises nos canais HBO que se seguirem) – quesito marketing: nota dez. Foi tudo muito bom, desde o enquadramento estratégico da câmera na retaguarda das garotas, até os “trocadalhos do carilho” dos comentaristas (“agasalhar a jogadora” foi o mais comum). O resultado do jogo? Quem se importa!

Devo elogiar também a atuação dos envolvidos: a felicidade estampada no rosto de Eucir de Souza (Juarez) ao apitar a partida foi bem genuína – talvez o ator estivesse realmente feliz na cena. Do mesmo modo, também convenceu a cara fechada de Fernanda Franceschetto (Vitória). Paulo Tiefenthaler (Carvalhosa), como já comentei, estava muito bom com sua cara de cachorro pidão. Comparando com os primeiros episódios, o elenco principal mostra uma ótima evolução, sem sombra de dúvida.

Além de embelezar o episódio, o enredo do jogo de modelos não me pareceu forçado, encaixando bem com a proposta da série. Ademais, foi interessante notar que a relação entre Vitória e Juarez está se aprofundando – os dois se mostraram bastante mordidos pelo ciúme nas situações advindas da partida. Vitória ficou com medo de que Juarez se “apaixonasse por um zagueiro”. Juarez, por sua vez, se roeu por dentro com o convite que a bandeirinha recebera para posar nua para a revista que promoveu o jogo.

Aparentemente, o namoro dos dois tinha tudo para evoluir, não fosse a insinuação de que o relacionamento entre Manu e o protagonista ainda não acabou. Não sei se gosto dessa reaproximação: se ela for apenas para fazer draminha dispensável (como o beijo/tapa seguido por uma proposta de DR entre o ex-casal), o roteiro poderia se livrar disso. Afinal, há alguns episódios Manu não mostra outro sentimento a não ser rancor pelo ex-marido. Este também já parecia bem confortável na sua vida de solteiro. Prevejo futuras cenas de mimimi de Manu e, se eles tiverem uma recaída, uma discussão também dispensável adicionando Rui e Vitória ao caldo.

Falando de Manu, começaram as repercussões do seu recente desemprego: ela já bateu à porta do ex para pedir dinheiro. Com isso, a série relembrou a história do jogo proibido, esquecida no episódio passado, como comentei acima. Talvez um furo do roteiro, vez que no sexto episódio Juarez viu o filho sem problemas e nesse, para fazer o mesmo, o pai teve que chantagear a progenitora. Mas isso é o de menos.

O que importa é o episódio ótimo que, além do que já denotei, ainda arranjou tempo para mostrar uma maior aproximação entre pai e filho. Em uma cena leve e oportuna, os dois começaram a dialogar sobre seus respectivos relacionamentos, de maneira bem saudável. Juntando tudo isso com a edição e direção mais acertadas (sem exagerar, por exemplo, nos dramas familiares), (fdp) divertiu e embelezou meia hora de minha vida, de forma que estou contando os minutos para ver o desdobramento do que se iniciou neste capítulo. E é assim que se reconhece uma série boa.

Observações:
- Juarez vai morar na casa de Carvalhosa pagando condomínio, água, luz e faxineira. Fez bom negócio, hein seu Carvalhosa? Mas é um fanfarrão mesmo!

- Desirée da Luz, a diretora da Playboy, foi (muito bem) interpretada pela atriz e modelo Isadora Ribeiro, que já foi “Garota do Fantástico” e posou para a revista em 1988 e 1991. Entretanto, não posso dizer o mesmo de outros participantes do elenco de apoio. Alguns dos escalados foram de dar dó. Embora com pouco tempo de tela, eles reforçam a sensação de amadorismo que a produção passa às vezes. Acho que eu – que nunca fiz isso na vida – ficaria mais confortável e natural na frente das câmeras que o ex-chefe de Manu e que a assessora de imprensa da drogaria.

- Neri Nelson sempre é muito bom, mas o pior é se dar conta que a caricatura é bem próxima da realidade de alguns programas esportivos. Dessa vez, fomos interrompidos pelos faróis SóLux, pelos aquecedores Calorex e pelo Conhaque Rocha. O apresentador também revelou que não suporta Juarez – será que essa história se desenrolará futuramente?
- Ótima a cena de Carvalhosa implorando de joelhos para participar do jogo das modelos, mesmo de graça. “Amigo, jogo de vinte e duas gostosas de biquíni, eu apitava até pagando!”

Aprenda a ser sutil com (fdp):
- Juarez, sobre a mãe: “E ela não tá tomando remédio sem receita, né?”
- Guzman: “Claro que non, por que aqui na Finlândia, farmácia só vende remédio com receita.”
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- Juarez: “Tchau, mãe!”
- Dona Rosali: “Vê se não fica 25 anos na casa do Carvalhosa!”
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- Vitória: “Que que acha de saírem dizendo por aí que tá apitando jogo de várzea?”
- Juarez: “Não é várzea!”
- Vitória: “Óbvio que é várzea, a diferença é que você pode se apaixonar por um zagueiro…”
- Juarez: “Tá bom, me dá o telefone, que vou ligar e dizer que não quero trabalho.”
- Vitória: “Ah, ficou chateado foi? Que eu tô te afastando daquelas vacas de tetas de silicone? Juarez, elas só vão te usar pra subir na carreira.”
- Juarez: “Não é isso que tá fazendo?”
- Vitória: “É, mas pelo menos meu peito é natural.”
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- Manu: “Fui despedida.”
- Vitória: “Bem feito!”
- Manu, para Juarez: “Vim pedir pra você pagar a escola até eu me acertar. Isso se sobrar, né… Se bem que ela deve ser baratinha, menos de cem.”
- Vitória: “Baratinha é a puta que te pariu!”
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- Carvalhosa: “É cemzinho mesmo que cobra?
- Vitória: “Não é hora de fazer piada, Carvalhosa!”
- Carvalhosa: “Eu pagava quinhentos!”
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- Carvalhosa, após dar uma checada no corpo de Vitória: “Vou botar o pôster na minha sala! Não, no quarto! Não, no banheiro!”
- Carvalhosa, para Juarez: “Tá comendo a capa da Playboy, hein? Filho da puta!”

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